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Editorial

Hora de religar o sinal de alerta

Com cepa indiana detectada no Maranhão, nova variante no interior de SP e alta de casos em Sorocaba, é preciso voltar a redobrar os cuidados

26 de Maio de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Coronavírus
Coronavírus (Crédito: Acácio Pinheiro / Agência Brasil)

Após um período relativamente melhor em relação à pandemia no País, quando -- com esforço conjunto -- foi possível desafogar a pressão do sistema de saúde, é hora de ligar o alerta novamente. Alguns dados e notícias indicam que é preciso retomar os cuidados para não mergulharmos em nova onda da doença. São vários os motivos.

Com a confirmação dos primeiros casos da cepa indiana no Maranhão, provavelmente trazidos por um navio cargueiro chinês, o objetivo passou a ser tentar conter essa variante, batizada de B.1.617. Assim, alguns Estados brasileiros passaram a monitorar o trânsito doméstico proveniente do Maranhão.

No caso de São Paulo, por exemplo, a prefeitura da capital fez uma barreira sanitária na Rodoviária do Tietê, a maior da capital, para triagem de todos os passageiros que chegam do Maranhão. O objetivo é impedir que a cepa indiana circule.

Agentes de saúde medem a temperatura dos passageiros que tiveram o Estado nordestino como origem. Se detectado algum sintoma, como febre, a pessoa é levada a uma unidade de atendimento e submetida a um teste.

Mas por maior que sejam os esforços, dificilmente será possível barrar essa nova variante. Mesmo ainda sem sabermos se a cepa indiana é mais contagiosa ou mais letal, certamente é um fator a mais de preocupação para as autoridades e a população.

Outro fator de preocupação é que cientistas de São Paulo acabam de registrar o aparecimento de uma nova variante do coronavírus em cidades do interior do Estado. Batizada de P.4, a cepa foi encontrada por membros da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em um projeto de pesquisa.

Segundo o grupo, a amostra mais antiga da nova variante foi identificada na cidade de Mococa, mas a cepa tem alta circulação em Porto Ferreira, município com pouco mais de 56 mil habitantes localizado próximo a São Carlos e Araraquara.

A cidade de Porto Ferreira foi escolhida pelos cientistas como um dos pontos de observação pois tinha, ainda no mês de março, a alta circulação das variantes P.1 e P.2 do vírus. Além de compartilhar traços de uma cepa detectada na Califórnia, a variante encontrada no interior de São Paulo possui uma mutação também vista na variante indiana da Covid-19. Contudo, apesar da mutação em comum, as duas cepas não têm a mesma origem.

Curiosamente ou não, recentemente algumas cidades como Franca e Ribeirão Preto, entre outras, registraram forte alta no número de casos, tanto que voltaram a implantar algumas medidas restritivas e estudam novas restrições mais pesadas.

Já na “nossa casa”, observamos que o número de moradores de Sorocaba internados em UTIs em função da pandemia era, até anteontem, o maior em 47 dias, segundo levantamento deste Cruzeiro do Sul. As informações são apuradas com base em dados oficiais da Prefeitura de Sorocaba, divulgados pela Secretaria de Saúde da cidade (SES).

Pelos dados, 383 pessoas estavam em leitos Covid na cidade. Desse total, 186 estavam em UTI. Esse número só não é maior do que o registrado em 8 de abril, quando 189 pessoas ocupavam leitos desse tipo na cidade. Para se ter uma ideia de como o número merece atenção, o recorde de pessoas em UTI ocorreu em 1º de abril, com 223 internações.

Na primeira onda, o recorde ocorreu em 30 de julho, com 96 internações. Os dados mostram, portanto, que após atingir a segunda onda, os números sequer baixaram para o primeiro pico da pandemia, em 2020. O recorde geral de pessoas internadas na cidade, incluindo enfermaria e UTI, ocorreu em 28 de março, pico da segunda onda, com 428 internações.

Portanto, diante dos claros sinais de que uma nova onda pode acontecer, é hora de redobramos os cuidados sanitários. Seguir usando máscaras e álcool em gel, independentemente se foi vacinado ou não.

É preciso conter a euforia pela “melhora” que aconteceu recentemente e seguir cumprindo as regras de distanciamento. É fundamental não haver aglomeração. A batalha contra esse vírus traiçoeiro é longa, cheia de altos e baixos, e devemos permanecer atentos e unidos para superar essa enorme adversidade.