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Editorial

A volta por cima está em nossas mãos

Os 27 municípios da RMS estão se adaptando à nova realidade e conseguindo superar os momentos mais difíceis da crise que se abateu sobre todo o planeta

23 de Maio de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Não obstante as privações, provações e os incalculáveis prejuízos -- em todos os aspectos -- acarretados à humanidade pelo impiedoso novo coronavírus, a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) possui motivos concretos para manter o otimismo. No âmbito da economia, um fato inegável é a possibilidade de a recuperação ocorrer de forma mais rápida e menos traumática do que o previsto. Exemplo disso é o balanço feito pelas prefeituras municipais sobre investimentos, aberturas de empresas, balança comercial e geração de postos de trabalho. Os dados levantados -- a pedido do jornal Cruzeiro do Sul -- comprovam que a região vem mantendo acentuado crescimento econômico mesmo durante a pandemia de Covid-19. Reforço de peso a essa constatação vem da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), que, em artigo assinado pelo seu vice-presidente, Rafael Cervone, publicado na edição deste sábado (22), atesta a força e a resiliência do empreendedorismo industrial da Regional Sorocaba nestes 14 meses de isolamento social.

Reunindo pouco mais de dois milhões de habitantes e cerca de 100 mil empreendimentos de todos os portes -- incluindo 600 indústrias --, os 27 municípios da RMS conseguiram se adaptar à nova realidade e superar os momentos mais difíceis da crise que se abateu sobre todo o planeta. Os dados mais recentes da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos (Seade), referentes ao mês de abril de 2021, mostram que a região metropolitana não apenas manteve, na média, o nível produtivo pré-pandemia, como ampliou a sua fatia no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo. A participação da região na somatória de todos os bens e serviços finais produzidos em território paulista passou de aproximadamente 4,15% em 2019 -- portanto, antes da crise advinda da proliferação do Sars-Cov-2 -- para 4,25% no ano passado.

A fórmula da vitalidade produtiva da RMS combina a proatividade dos empresários ao longo das últimas seis décadas com investimentos em novas tecnologias e, principalmente, com a diversificação dos negócios, produtos e serviços. A coexistência de segmentos fabris com o agronegócio tecnificado e os serviços qualificados funcionam com uma espécie de seguro contra colapsos econômico-financeiros como o que atravessamos atualmente. Essa característica fica evidente quando vislumbramos a simultaneidade da atividade rural -- dos grandes cultivos de cana-de-açúcar à agricultura familiar dedicada aos hortifrutigranjeiros -- com as ações das indústrias de eletroeletrônicos, telecomunicações, metal-mecânicos, automóveis, peças, gráfica, têxtil e de plásticos. Tudo isso, incluindo as multinacionais atraídas pelas vantagens inerentes à região. Nos últimos anos, a trajetória bem-sucedida da região sorocabana ainda recebeu o sólido pavimento da mão de obra qualificada. Marcos Antônio Canhada, economista e professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), destaca o papel preponderante da gestão pública, em conjunto com a estrutura de escolas técnicas e de ensino superior, como catalisador do crescimento e do desenvolvimento econômico local.

O levantamento feito pelo jornal ao longo da semana traz à luz dados significativos relativos a Itu, Itapetininga, Salto, Cerquilho e Votorantim, além de Sorocaba. Tomando como parâmetro a sede regional, constata-se que além do número recorde de novos empreendimentos de todos os portes -- já destacado recentemente neste espaço --, com previsão de crescimento 7,17% em 2021 na comparação com o ano passado, é elucidativo destacar também a evolução dos investimentos, das vagas de emprego e da balança comercial. Conforme os dados oficiais, enquanto o aporte oriundo das iniciativas privada e pública em Sorocaba totalizou R$ 744,2 milhões no biênio 2019/2020, neste ano os investimentos formalizados em andamento já totalizam pouco mais de R$ 1 bilhão.

A performance da balança comercial trouxe, igualmente, surpresas positivas nas duas vias. A representatividade do município no total das exportações paulistas subiu de 1,9% (US$ 380,59 milhões) durante o ano de 2020 para aproximadamente 4% no primeiro quadrimestre deste ano, com a expectativa de fechar 2021 com vendas ao exterior na casa de US$ 1,346 bilhão. As importações acompanham níveis semelhantes, demonstrando que o parque industrial está acelerando seu ritmo de atividade.

Por fim, observando o outro lado do balcão de negócios e costurando todo esse cenário, aparece o considerável aumento do nível de emprego. Segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), Sorocaba gerou 5.644 novas vagas entre janeiro e março deste ano, contra apenas 508 durante todo o ano passado.

Tendo em vista que os números proporcionais da economia relatados pelas prefeituras se repetem em praticamente todos os municípios, a perspectiva é de uma recuperação equânime e consistente para toda a RMS. A materialização dessa possibilidade depende, evidentemente, da política econômica e das ações governamentais. Porém, o caminho da recuperação também passa por uma série de variáveis, incluindo o planejamento, a responsabilidade e a determinação de cada um de nós.