Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

Copo meio cheio ou meio vazio?

Aumento do número de MEIs em Sorocaba reflete falta de emprego formal, mas também mostra força de mercado do pequeno empreendedor

20 de Maio de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Segundo levantamento do escritório Regional do Sebrae, somente em Sorocaba foram registrados 13,4 mil novos MEIs de 2020 para cá.
Segundo levantamento do escritório Regional do Sebrae, somente em Sorocaba foram registrados 13,4 mil novos MEIs de 2020 para cá. (Crédito: Pixabay)

Matéria recente deste Cruzeiro do Sul mostrou que, em Sorocaba, uma das diversas consequências da pandemia do novo coronavírus, que atinge todo o mundo desde o início de 2020, foi o aumento da quantidade de Microempreendedores Individuais (MEIs). Segundo levantamento do escritório Regional do Sebrae, que atende a cidade e municípios da região, somente em Sorocaba foram registrados 13,4 mil novos MEIs nesse período. Ou seja, em cerca de 18 meses, houve um crescimento superior a 20% do total de MEIs ativos no município, que é de aproximadamente 57,2 mil.

Instituído no Brasil em 2008, o Microempreendedor Individual (MEI) foi criado para que os trabalhadores informais, profissionais autônomos e microempresários pudessem se legalizar com uma carga tributária reduzida. O MEI geralmente trabalha por conta própria e pode ser enquadrado nessa categoria se cumprir alguns requisitos como teto de faturamento anual, não ter participação em outra empresa e ter, no máximo, um empregado contratado que receba salário mínimo ou o piso da categoria. Um ponto positivo é aquele que garante ao MEI benefícios previdenciários, que se estendem também aos seus dependentes.

Voltando a Sorocaba, ainda de acordo com os dados do Sebrae-SP, os principais setores que puxaram essa alta foram de promoção de vendas (827 MEIs a mais), preparação de alimentos para consumo domiciliar, como produção de marmitas (755), e comércio varejista de vestuário e acessórios (722). Conforme o levantamento, em todo o Estado de São Paulo houve uma variação de 706 mil novos MEIs, totalizando 3,2 milhões de pequenos negócios nessa categoria. Além disso, atualmente, são 11,3 milhões de microempreendedores individuais em atividade no País.

De acordo com o último Perfil do MEI, elaborado pelo Sebrae, 76% possuem o empreendedorismo como única fonte de renda e apenas 2% eram empreendedores formais antes de se tornar MEI. O estudo também revela que 51% dos MEIs em atividade tinham carteira assinada antes de se formalizar e 12% eram empreendedores informais. Em 2020, mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia, foram registrados 2,6 milhões de novos MEIs, o maior número dos últimos cinco anos, de acordo com levantamento feito pelo Sebrae com dados da Receita Federal.

Evidentemente que um dos motivos -- certamente o principal -- para o aumento dos MEIs é a falta de empregos formais decorrente da crise econômica. Aliás, crise que afetou e afeta o planeta inteiro, já que o coronavírus não poupou nenhum país ou nação.

Por outro lado, o aumento do número de MEIs também significa a entrada de muita gente para o universo do empreendedorismo. Apesar de algumas características ruins de parte dos brasileiros -- apontadas diariamente aqui --, uma positiva não podemos negar. O brasileiro é um dos povos que mais conseguem enfrentar as adversidades, seja se adaptando, se reinventando ou mesmo driblando as barreiras. Não à toa somos conhecidos como um povo de bastante jogo de cintura -- do futebol ao dia a dia.

Nesse sentido, o MEI mostra sua força como alternativa de geração de renda e emprego em um período de crise e dificuldade. Portanto, é aquela situação do copo pela metade. Muitos dirão que ele está meio vazio. Outros o enxergarão como meio cheio. É claro que muitos negócios foram -- e estão indo -- à falência com as dificuldades advindas da pandemia. Mas como nossos avós e bisavós repetiam, “na crise também aparecem grandes oportunidades”. Certamente, entre essas milhares de pessoas que se viram obrigadas a se transformar em MEIs na busca por renda, muitas conseguirão prosperar e podem se transformar em empresários de sucesso. Daí irão gerar empregos e renda para uma nova geração. Isso, sim, seria um círculo virtuoso.