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Editorial

Bem-vinda, escola cívico-militar!

Os militares são da reserva, com mais de 30 anos de trabalho nas Forças Armadas

18 de Maio de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Cerimônia inaugura a 1ª escola cívico militar em Sorocaba
Cerimônia inaugura a 1ª escola cívico militar em Sorocaba (Crédito: Fábio Rogério)

Sorocaba tornou-se, ontem, pioneira no Estado de São Paulo na adoção de uma escola cívico-militar. Após duas semanas de trabalhos de transição, feitos de forma remota, foi instalada, agora de forma oficial, a primeira escola desse tipo na cidade. Conforme já havia sido definido, a escola municipal Matheus Maylasky foi a unidade contemplada para iniciar o projeto, dentro do Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (Pecim), do Ministério da Educação (MEC).

Claro que o caminho não foi só de flores. Apesar de uma consulta pública, realizada em 2020 pela Secretaria da Educação (Sedu), ter apontado que 82,5% dos pesquisados na escola votaram a favor do programa, a turma do contra tentou barrar o projeto e a disputa foi parar na Justiça. Em um primeiro momento, a Vara da Infância e Juventude da Comarca de Sorocaba havia suspendido a indicação. Porém, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo revogou a suspensão atendendo a agravo de instrumento interposto pela prefeitura. Dessa forma, desde ontem, os militares já estão presencialmente na escola fazendo reuniões de planejamento, coordenação e preparação para receber os estudantes cujo retorno presencial -- assim como o de toda a rede municipal de ensino em Sorocaba -- está previsto para 31 de maio, seguindo protocolos sanitários e limite de 35% da capacidade. A Maylasky atende 875 estudantes de 7 a 14 anos, mas apenas os 423 do Fundamental 2 (entre 11 e 14) se enquadram no Pecim. Os alunos que estão matriculados na Maylasky continuarão a estudar no local. Não haverá matrícula especial de alunos para a escola cívico militar. Os pais podem solicitar a transferência para outras unidades, caso não optem pelo ensino na escola cívico-militar. Já os responsáveis pelas crianças matriculadas em outras escolas da rede municipal podem pedir a transferência ou realizar a inscrição na Maylasky, entrando na lista de espera por vagas.O primeiro ponto a ser deixado claro para a turma do mimimi: não se trata de militarização da escola. Os alunos não irão virar soldados, bater continência ou algo do tipo. Muitos menos o conteúdo escolar ou os métodos pedagógicos serão “militarizados”. Isso é discurso raso, mal-intencionado e tendencioso de quem não gosta de ordem e pretende envenenar as pessoas e criticar o projeto. Como bem disse o diretor da escola Matheus Maylasky, Roberto Martinez, ”não é uma militarização da educação, mas sim agregar valores dentro de uma unidade que já é respeitada na cidade”.

Tanto que, conforme o próprio diretor, a mudança da escola Maylasky para cívico-militar não vai alterar o quadro de professores e funcionários, que serão mantidos. Os professores continuarão a ser os responsáveis pelas aulas e as decisões serão tomadas pelo diretor, junto com o Conselho Escolar. A bem da verdade, os 13 militares da reserva -- apresentados na solenidade de ontem -- irão atuar na gestão geral e de projetos, com o objetivo de reforçar valores cívicos e melhorar a qualidade do ensino. Todos os militares são da reserva, com mais de 30 anos de trabalho nas Forças Armadas e bastante experiência de carreira e de vida. Entre eles há especialistas e alguns até possuem licenciatura. Nomeado oficial de gestão escolar na escola Maylasky, o capitão de mar e guerra da Marinha Antônio Carlos Mendes, professor em graduação e pós-graduação por 10 anos na área de administração e planejamento estratégico, explicou que ”a contribuição é no sentido de melhorar e trazer braços para implantar e executar os projetos na escola. A direção da escola nos apontará o futuro que deseja e nós vamos ajudar a tornar isso possível”. Na prática, a busca é pelo resgate da ordem e do respeito no sistema escolar como um todo. De uns tempos para cá, passamos a observar uma completa inversão de valores em nossa sociedade e também no âmbito escolar. Em vez de o professor ser tratado como mestre, respeitado e admirado, os alunos -- em geral, não da Maylasky, que fique claro -- passaram a achar que podem fazer o que bem entenderem. Na capital paulista são recorrentes relatos de professores ameaçados e até agredidos por alunos. Sobretudo na periferia, é comum professores sentirem medo dos alunos, ou gangues de alunos dominarem escolas públicas, tocando o terror. Felizmente tais extremos ainda não chegaram a Sorocaba. E a implantação da escola cívico-militar é um grande passo para que não cheguem.

Atualmente, essa subversão de valores atinge e reflete até nos pais e mães dos alunos. Antigamente, os pais e mães davam razão aos professores e mandavam os filhos respeitarem os mestres. Hoje em dia vivemos um período em que muitos pais e mães questionam “por que tal professor se dirigiu assim ao meu filho(a)”, ou então “como assim o meu filho foi reprovado?!”. A que ponto chegamos!