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Editorial

Nossas heroínas da vida real

Celebrado em 12 de maio, Dia da Policial Militar é homenagem a um grupo de mulheres especiais que se dedicam a combater malfeitos e ajudar o próximo e a sociedade

13 de Maio de 2021 às 00:45
Cruzeiro do Sul [email protected]
Policiais Femininas do CPI7
Policiais Femininas do CPI7 (Crédito: Divulgação/PM)


Instituído em 2002 por meio de uma lei estadual, o Dia do Policial Militar Feminino, ou simplesmente Dia da Policial Militar, é celebrado em 12 de maio. Por esse motivo, a data foi comemorada ontem na cidade com um evento que reuniu policiais de toda a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). A celebração teve café da manhã, sorteios de brindes, banda regimental de música, além de discursos e reflexões sobre a história da mulher na Polícia Militar. Alunas do curso de formação de soldados também participaram do encontro.

A data remete ao momento em que as mulheres começaram a ingressar na Polícia do Estado de São Paulo, em 12 de maio de 1955. Trata-se de uma trajetória bonita e que merece ser contada.

Em 1953, durante o 1° Congresso Brasileiro de Medicina Legal e Criminologia realizado por ocasião das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo , a então assistente da cátedra de Introdução à Criminologia do Instituto de Ensino Técnico Policial, dra. Hilda Macedo, apresentou um magnífico trabalho científico intitulado “Polícia Feminina” no qual, em linhas gerais, defendia a criação de uma seção feminina junto à Polícia do Estado.

Tal tese ganhou força no decorrer de uma das Semanas Paulistas de Estudos Policiais (ocorridas na mesma época), nas quais a também professora de Direito Penal, dra. Esther de Figueiredo Ferraz, defendia a criação de uma polícia feminina.

Dois anos mais tarde, em 1955, graças à aprovação da inovadora tese de Hilda Macedo, o então governador Jânio da Silva Quadros, entusiasta da ideia, encarregou o diretor da antiga Escola de Polícia (atual Academia de Polícia), dr. Walter Faria Pereira de Queiroz, a estudar a criação de um Corpo Policial Feminino em São Paulo e apresentar um anteprojeto de lei regulando a instituição desse organismo.

Assim, em 12 de maio de 1955, por meio do Decreto Estadual n° 24.548, foi instituído em caráter experimental o “Corpo de Policiamento Especial Feminino”, organismo uniformizado anexo à antiga Guarda Civil de São Paulo. Entre as tarefas iniciais da Polícia Feminina estavam a investigação e prevenção da criminalidade, bem como a proteção de menores e mulheres, por meio de tarefas assistenciais.

O comando da nova instituição coube a sua maior incentivadora, a própria dra. Hilda Macedo, hoje coronel feminina reformada da Polícia Militar de São Paulo. Inicialmente, a Polícia Civil Feminina era formada por apenas 13 jovens, verdadeiras pioneiras da atividade. Cerca de sete meses depois, em dezembro de 1955, um decreto aumentou o efetivo para 100 policiais.

Em 1969, quando a então Guarda Civil de São Paulo foi extinta, seu contingente acabou, em grande parte, incorporado ao da Força Pública paulista, resultando na atual Polícia Militar. Dessa forma, as policiais femininas passaram a ter o status de militares.

A recém-criada e já extinta Superintendência de Polícia Feminina, passou a denominar-se 33° Batalhão Policial. Em 1972, foi acrescido o vocábulo “militar” a tal organismo. Em 1975, o 33° Batalhão deu lugar ao 1° Batalhão de Policiamento Feminino (1° BPFem).

Na mesma década de 70, as policiais chegaram ao interior de São Paulo. Em 1977, Campinas foi a primeira cidade interiorana a contar com um destacamento militar de policiais femininas. Nos anos 80, a PM de Sorocaba recebeu a primeira policial feminina.

Em 1986, as policiais femininas passaram a atuar no trânsito da capital paulista e, três anos depois, alunas-oficiais passaram a ser admitidas na Academia do Barro Branco, na capital.

A partir da década de 90, as policiais femininas começaram a integrar o Corpo de Bombeiros, o policiamento com motos e algumas unidades táticas especializadas, como o Batalhão de Policiamento Rodoviário, o Batalhão de Polícia Choque e as guarnições de Força Tática, principalmente após o fim do Comando de Policiamento Feminino, e seus cinco batalhões subordinados, que resultou na distribuição das respectivas policiais femininas nos demais órgãos da Polícia Militar, na capital e no interior.

Um feito marcante para as policiais militares -- e também para a cidade de Sorocaba -- aconteceu em 2013, quando a sorocabana tenente Lara tornou-se a primeira piloto do Águia, o tradicional helicóptero da Polícia Militar.

Atualmente, uma nova história marca a PM feminina e a cidade. Após 87 anos de história sem nenhuma mulher na Banda Regimental de Música da Polícia Militar de Sorocaba -- a segunda mais antiga de toda a corporação --, a soldado Ana Fidêncio tornou-se a primeira a fazer parte da banda.

Hoje as mulheres representam quase 13% do efetivo da Polícia Militar. Ou seja, daquelas 13 policiais pioneiras de 1955 a 13% de todo o efetivo da PM! E esse percentual tende a aumentar. Desde que o concurso passou a ser unificado, não há mais distinção de vagas entre homens e mulheres. Independentemente de gênero, as pessoas concorrem em igualdade de condições. Ou seja, a Polícia Militar está de portas abertas às mulheres.

Ter uma policial mulher significa incorporar a toda a formação técnica e tática um olhar diferenciado de atuação. Significa levar para a polícia toda a sensibilidade das mulheres, sua natureza acolhedora e protetora, seu julgamento maternal. Conforme citado pela capitão Luiza, “a mulher na Polícia Militar trouxe uma forma mais humanizada de atendimento, de acolhimento, principalmente em ocorrências com crianças, mulheres, vítimas e idosos”.

No mundo atual, em que se fala tanto em empoderamento feminino, nada mais justo do que render homenagens, elogios e sobretudo respeito às nossas policiais e agentes, sejam elas militares, civis, bombeiras etc. Elas são a síntese da mulher guerreira e batalhadora. São abnegadas, dedicadas e comprometidas em servir ao próximo e à sociedade.

Portanto, parabéns Luiza, Geórgia, Lara, Beatriz, Ana, Vivian e tantas outras. Vocês são nossas verdadeiras heroínas da vida real!