Editorial
Manifestações em verde e amarelo
Atos do Dia do Trabalhador, que reuniram milhares de pessoas em manifestações pró-Bolsonaro, dão força ao presidente e ao seu governo
Um fato curioso e relevante chamou a atenção na passagem do Dia do Trabalhador, no tradicional 1º de maio, que aconteceu no sábado (1º). Apesar da proposital ausência de festas e shows -- por conta das determinações de combate à pandemia -- que costumam marcar a data, houve manifestações políticas em diversas cidades do país.
Várias capitais brasileiras registraram atos pró-governo. Principalmente em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, milhares de pessoas se reuniram em demonstração de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. No DF, Bolsonaro sobrevoou de helicóptero a Esplanada dos Ministérios, mas não desceu para o meio da multidão.
O fato mais emblemático, porém, foi que, pela primeira vez em décadas, as manifestações pelo Dia do Trabalhador trocaram de cor. Saiu o vermelho, que representa o principal partido político de esquerda do País, e entraram o verde e o amarelo. Independentemente de partidos, políticos e linhas de pensamento, trata-se de uma mudança saudável. Afinal, nenhum partido é dono dos trabalhadores. Por mais que setores da mídia e a lacrolândia queiram impor suas vontades e pensamentos, as pessoas devem ser livres para refletir e defender seu ponto de vista.
Evidentemente que no meio da multidão havia manifestações sem sentido -- como a criminalização do comunismo -- ou mesmo ilegais -- como pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF). O grupo também gritava palavras em apoio a Jair Bolsonaro e dizia que “autorizava o presidente a agir”, em resposta a uma fala de Bolsonaro sobre “esperar uma sinalização da população para tomar certas atitudes”.
É bom lembrar que esse tipo de polarização não faz bem a ninguém, mas isso não foi criado e insuflado neste atual governo. Isso nasceu no “nós contra eles”, criado e usado por um ex-presidente que incentivou esse radicalismo maldito que atrapalha nosso País.
Polarizações e radicalismos à parte, por muitos anos o PT se apropriou do Dia dos Trabalhadores. Nas comemorações Brasil afora, repletas de shows e apresentações de artistas famosos -- costumeiramente pagos com dinheiro público ou com as vergonhosas contribuições sindicais obrigatórias que esfolam muitos trabalhadores --, o que sempre se viu foi um ato político em favor do Partido dos Trabalhadores.
Era um mar de bandeiras vermelhas, como se apenas o PT se interessasse pelos trabalhadores. Sabemos que não é nada disso. Após governos petistas envoltos em mar de lama, após tudo o que a Operação Lava Jato desvendou e revelou, ficou claro que ter o nome dos trabalhadores na sigla não significa que o partido os defenda ou faça o bem a eles. Pelo contrário.
Portanto, as manifestações do último sábado também podem ser vistas como um grito de alforria dos trabalhadores, que são do Brasil e não exclusivamente de um partido. As novas cores mostram uma manifestação patriótica. Elas serviram para provar que muitos brasileiros estão conscientes dessa situação. Independentemente em quem votam, o importante é defender o Brasil, defender valores, defender a ética e a honestidade. O Dia dos Trabalhadores é do povo brasileiro, não de um partido.
Politicamente, quem resumiu bem os eventos de sábado foi o ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Ele publicou em sua página oficial no Twitter que as manifestações favoráveis ao governo “dão forças” para o presidente Jair Bolsonaro continuar o seu governo. Segundo Ramos, “o povo trabalhador continua ao lado daquele que nunca o abandonou e sempre defendeu o direito ao trabalho.
Essa é a mensagem das ruas nesse 1° de maio. As imagens das manifestações dão forças para nosso Presidente da República continuar a incansável luta pelo Brasil e pela liberdade dos brasileiros”. Que assim seja.