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O idoso em perigo
Sra. editora,
Ao presenciar um idoso atravessando a rua, lentamente e sem muita atenção, veio-me à memória a frase permanente do dr. Godofredo Crozzara (in memoriam), geriatra, “Idoso tropeça até em folha de papel”. Pode parecer exagero, mas, na prática, assoma-se mais realista, pois, ao perder a vitalidade, angariar a surdez, a redução da visão e dos reflexos, a percepção do perigo e outras inconveniências próprias de sua vida longeva, passa a correr riscos durante as vinte quatro horas do dia.
Do alto dos meus 87 invernos, coleciono dados que comprovam as assertivas acima delineadas. Comecemos na própria casa, onde portais e batentes com quinas vivas (agudas), carpetes espessos, tapetes soltos, maçanetas de linhas retas, escadarias etc. tornam-se “eficientes” armadilhas. Isso, somente dentro de casa! Os chinelos não devem ser largos, com solado grosso de borracha; devem ser estreitos, solado fino, em couro.
Meus exemplos sobre riscos da longevidade me permitiriam enumerar expressiva quantidade de ocasiões de perigo. Aliás, mais de uma vez necessitei de atendimento hospitalar.
O idoso, dependendo do estado de saúde, não pode caminhar pelas ruas sem acompanhante. Uma simples distração pode ser-lhe fatal. Apesar de meus quase nove decênios de vida, sinto-me com relativa saúde e razoável disposição física, graças a Deus! Não devo, porém, abusar desse parcial privilégio.
Finalmente, assevero que o idoso deve praticar (com perseverança) o exercício físico prescrito pelo médico e realizar, permanentemente, atividades que possam manter seu cérebro em plena função.
Claro está que a reflexão aqui proferida abrange apenas uma minúscula parte do que seria recomendável na ótica de um médico geriatra; como disse, essa é apenas fruto de minha experiência.
Agradeço ao Cruzeiro do Sul, por ceder-nos (aos leitores) essa democrática tribuna, fazendo-nos partícipes de sua belíssima e abrangente missão jornalística.
JUSTO PENTEADO CHACON