Senhor editor,
Aproxima-se o Dia internacional da mulher. Embora tenhamos muito pouco o que comemorar, ao menos prestemos nossas homenagens. De minha parte, se possível for, desejo homenageá-las com uma poesia. Desde já, sou grato a essa abrangente, respeitada e democrática tribuna jornalística por permitir a nós -- leitores -- sermos partícipes desse grande jornal.

JUSTO PENTEADO CHACON

. . .E Deus criou a mulher!

Ao ver solitário o Adão
Deus tirou-lhe uma costela
fez surgir linda donzela,
pra alegria do ermitão.
Deus lhes deu o paraíso,
o verde Éden - um jardim,
o casal se fez, enfim,
mas perderam o juízo
A serpente a tal vilã,
venenosa conselheira,
lhes levou à macieira,
e degustaram a maçã.
Findada a lua-de-mel,
vem a triste realidade,
vida e luta sem vaidade,
mundo amargo como fel.
São centenas de milhares
nossas evas do presente,
heroínas e valentes,
são esteios de seus lares.
Em que pese seu valor,
desde a era das cavernas,
são agora subalternas
ou escravas do amor.
Inferiores no labor,
no salário, nos direitos,
aviltadas nos conceitos,
vão avante sem temor.
Apesar da geração,
das proles e suas vidas,
são ainda agredidas,
pelo ser de sua paixão.
Mas lhes resta a coragem,
mesmo sob a desvantagem,
seguem fortes com pudor.
Qual guerreiras em porfia,
vão vencendo o dia-a-dia,
sob as bênçãos do Senhor.