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Terapia Ocupacional e o uso da Comunicação Suplementar

30 de Outubro de 2018 às 07:58

Como podemos nos comunicar com pessoas que têm dificuldade para se expressar oralmente? Como compreendemos sentimentos e necessidades das pessoas que não utilizam a linguagem falada, escrita ou de sinais?

Partindo do pressuposto que a aquisição e o desenvolvimento da linguagem acontecem em duas fases distintas, a pré-linguística (fase das vocalizações, balbucios) e linguística (representação dotada de significação), pode-se dizer que a comunicação é uma das manifestações do ser humano dotadas de significação, pois representam ideias, pensamentos, experiências, fatos, sentimentos e necessidades, além de ser um meio de interação social. De modo que crianças/adultos com necessidades comunicativas requerem auxílio, pois a interação da pessoa com o ambiente, a troca de informação com outras pessoas e a sua relação com o meio são prejudicadas, inclusive seu desempenho ocupacional.

O terapeuta ocupacional é um dos profissionais que pode ajudar essas pessoas utilizando o recurso da Comunicação Suplementar Alternativa (CSA), pois ele é o profissional da saúde que promove prevenção, tratamento e reabilitação dos indivíduos com alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psicomotoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos ou de doenças adquiridas por meio da utilização da atividade humana. O objetivo de sua atuação é ampliar o campo de ação, desempenho, autonomia e participação, considerando recursos e necessidades de acordo com o momento e lugar, efetivando condições de bem-estar e autonomia. Por meio do fazer afetivo, relacional, material e produtivo, o profissional contribui com os processos de produção de vida e saúde. A CSA, por sua vez, consiste em símbolos, recursos, estratégias e técnicas utilizadas para a comunicação com pessoas que não falam ou possuem outros transtornos de linguagem oral/ou escrita. Os recursos mais comuns no Brasil são: o Sistema de Símbolos Bliss, o Sistema Rebus, o Pictogram Ideogram Communication System-PIC e o Picture Communication Symbols-PCS. Os recursos podem ser de baixa tecnologia, como: objetos, retratos, sistemas gráficos, Braille, prancha de letras, palavras e frases; assim os como de alta tecnologia: gravador, comunicador, computador, tabletes, etc).

A comunicação alternativa envolve o uso de gestos, expressões faciais, símbolos gráficos de alta e baixa tecnologias citados acima como forma de efetuar a comunicação de pessoas incapazes de utilizarem a linguagem verbal. A Comunicação Suplementar Alternativa possui um duplo propósito: promover e suplementar a fala e garantir uma forma alternativa; caso o indivíduo não tenha possibilidade de desenvolver a fala, esse conjunto de elementos ajuda, então, na organização e sustentação da comunicação expressiva

Cabe ao terapeuta ocupacional identificar a melhor forma de fazer uso desse recurso e facilitar a introdução desses símbolos de forma contextualizada, como parte da rotina do sujeito, e identificar também os melhores materiais e posicionamentos a serem inseridos, permitindo, assim, um melhor resultado na comunicação.

Consideramos a importância da comunicação efetiva como colaboradora para a construção do processo de autonomia e de independência do sujeito para planejar e organizar sua própria vida. Assim, a intervenção terapêutica ocupacional pode ajudar o sujeito a ressignificar sua trajetória cotidiana, por meio da utilização da tecnologia de informação e comunicação.

Síbila Floriano Landim é mestra e doutoranda em Clínica Médica pela Unicamp e professora no curso de Terapia Ocupacional da Uniso ([email protected]); Thalita da Costa Amorim é aluna do curso de Terapia Ocupacional da Uniso.