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Sergio Holtz

19 de Maio de 2020 às 00:01

Sergio Holtz Crédito da foto: Arquivo da Família

Sergio Vieira Holtz merece este artigo. Ele não gostava de aparecer pelos seus inúmeros méritos de vida familiar, comunitária e profissional. Dia sete de maio acordei, ouvi uma música, que explico abaixo e, logo às 7h58 surgiu na minha memória o seu nome. Era como se fosse o Sergio querendo conversar comigo. Procuro o seu nome no Messenger e envio uma mensagem de um artigo que publiquei no Jornal Cruzeiro do Sul onde citei o seu nome e da sua esposa Maria Luiza Marins Holtz como amigos de longa data. Depois do café da manhã fui ler as postagens da rede social e a primeira notícia era da Marília, sua filha. “Meu pai faleceu hoje de manhã”.

Confesso que parei assustado um instante e meditei com tristeza essa partida inesperada do Sergio e, em especial, por ter pensado nele alguns minutos antes. Também refleti que antes de mandar a mensagem ao Sergio Holtz, eu tinha ouvido pelo YouTube um “mini-louvor” conduzido pelo Pedro Siqueira, onde ele cantou a música “Noite Traiçoeira”. A letra diz: “que Deus está aqui neste momento (Sua presença é real) sua presença é real em meu viver (Entregue sua vida, problemas) entregue sua vida e seus problemas (Fale com Deus) fale com Deus (ele vai ajudar), ele vai ajudar você oh oh Deus te trouxe aqui para aliviar os teus sofrimentos oh oh! É Ele o autor da fé (do princípio ao fim) do princípio ao fim (Em todos os seus tormentos) em todos os seus tormentos erga sua mão e anuncia ao mundo ainda se vier”.

Penso até que o Sergio também estava ouvindo comigo em pensamento a música nessa manhã quando o enfarte fulminante o levou. Talvez nesta madrugada tenha tido uma “noite escura” sentindo o que viria acontecer ao acordar. E nesse momento, sei que o amigo Sergio Vieira Holtz estava partindo sorrindo, pois Cristo estava com ele. Sei disso. Sua fé era inabalável. Paroquiano da Igreja Santa Rita de Cássia assumiu com destemor sua missão na comunidade. Agia como o povo fala aos voluntários que estão sempre a serviço do próximo: ”pau pra toda obra”. Vendia pastéis nas barracas nos dias da festa da padroeira, cuidava do estacionamento, pertencia à equipe de acolhimento, cuidava da pastoral do dízimo e dava palestras nos Encontros de Casais.

Inteligente e visionário como profissional, um dia inventou o sistema de consórcio de carros. E deu tão certo que grandes empresas nunca deixaram de fazer. O Sergio trabalhava no Ministério da Fazenda em Brasília e redigiu toda a legislação do consórcio. Como advogado, sua sabedoria e conhecimento uniu a ideia que teve para concretizar um sonho em realidade. Posteriormente Sergio Holtz desenvolveu o consórcio de moradias populares. Acompanhei uma de suas iniciativas no bairro Aparecidinha em Sorocaba. Lá ele conduziu um projeto de casas ajudando famílias. Foi rotariano do Sorocaba Norte contribuindo nos serviços às comunidades carentes. Quando era secretário da Associação dos Amigos da Marinha tínhamos contatos frequentes na divulgação da entidade. Com sua esposa e outros casais participou ativamente do Movimento das Equipes de Nossa Senhora em Sorocaba. Nos Cursilhos de Cristandade teve intensa presença na arquidiocese. Na Prefeitura Municipal foi Secretário de Governo, contribuindo com a cidade em ações de ajuda na legalização de terrenos às pessoas da periferia.

Na década de 60 o Sergio Holtz trabalhou na Indústria Têxtil Barbero. Elizabeth Fernandes como telefonista da empresa me relatou sobre o entusiasta funcionário com os seus 20 anos de idade, ainda estudante de Direito. Era educadíssimo. Douglas Gomes foi companheiro de trabalho na Barbero com o Sergio e destacou que era amigo leal e trabalhador honesto. O irmão do Sergio, Clovis Holtz, trabalhamos juntos durante 15 anos na Siderúrgica Aparecida. Nesse tempo conheci mais da família Holtz originária da cidade de Sarapui. Seus pais e irmãos da família Holtz foram desbravadores e inovaram em desenvolver melhorias à população. Hoje são reverenciados com nomes de ruas e praças em Sarapui.

Sergio era casado com Maria Luiza Marins Holtz e tinha cinco filhos. A Marília, o Sergio Holtz Filho, Marcio, Dario e Marisa. Nasceu no dia 12 de abril de 1940. Completou 80 anos com muito amor à vida. Combateu o bom combate e deixou amigos. Dezenas de manifestações na rede social comprovam como ele era querido em Sorocaba. Devido à pandemia, poucos familiares puderam estar presentes no velório e enterro. E respeitando o isolamento social não compareci, mas orei por ele com tantas outras pessoas que o admiravam, como o padre Manoel Cesar de Camargo Junior, pároco da Santa Rita que destacou: “agrademos a Deus por ter convivido com uma pessoa tão única, tão especial. Vá em paz, meu querido irmão, que Maria o acolha em seu colo de Mãe”.

Sua neta Maria Holtz publicou uma linda mensagem na despedida do avô. “Você foi a pessoa que me deu a primeira oportunidade de trabalho. Você sempre acreditou em mim. Você sempre me ensinou muito. Sou grata por tudo. Você me deu a melhor família que eu poderia escolher, com todas os defeitos e qualidades. Você foi forte.

Você conquistou muito. Você nos encheu de orgulho, vô.

Esteja onde estiver seu brilho estará sempre contigo. Cuida do nosso Bruno ai de cima. E eu te amo eternamente. Que honra poder conviver 21 anos ao seu lado. Que honra ter você como avô. Horas antes do meu voo, demos nosso último abraço recheado de amor e lágrimas (foto na ilustração)

Obrigada por isso. Obrigada por me encorajar a seguir meu sonho. Obrigada. Obrigada. Obrigada. Eu te amo vô!”

Vanderlei Testa, jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.facebook.com/artigosdovanderleitesta e www.blogvanderleitesta.com