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Questão de visão

10 de Outubro de 2018 às 09:14

Mesmo diante da crise econômica e do conturbado ambiente político nacional, o setor imobiliário mostra sua capacidade de resiliência, buscando alternativas para superar as dificuldades e, consequentemente, contribuindo para a redução do déficit habitacional.

Sorocaba, por exemplo, tem experimentado um importante processo de desenvolvimento nos últimos anos, com a inequívoca colaboração do setor, reconhecidamente grande indutor da economia. Recente estudo de mercado realizado pelo Secovi-SP aponta que o lançamento de imóveis e o consumo de unidades em estoque têm ajudado a impulsionar o mercado local. De outubro de 2015 a setembro de 2018 (período analisado), dos 10.263 imóveis residenciais lançados na cidade, foram vendidas 6.934 unidades. Ou seja, 68% dos imóveis ofertados nesses 36 meses pesquisados foram absorvidos pelo mercado. Um resultado surpreendente, também verificado em outras regiões onde são feitos estudos de mercado.

Considerando o período de 36 meses analisados em cada cidade, o percentual foi de 58,4% na Baixada Santista (encerrados em junho); de 88,7% em São José do Rio Preto (maio); de 70,7% São José dos Campos (abril); de 75,5% em Piracicaba (março); de 55,1% em Bauru (dezembro 2017).

Tal comportamento indica que há demanda intensa e aderência aos produtos oferecidos, tanto em Sorocaba quanto nas demais cidades. Cabe observar que a grande parte absorvida pelo mercado se concentra em imóveis de 2 dormitórios econômicos, principalmente aqueles com padrões enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida, que lideram em todos os indicadores apurados pelo estudo. Estes produtos destacam-se em lançamentos e vendas não só em Sorocaba e nas demais cidades do Estado, mas também em diversos outros municípios brasileiros, incluindo capitais, como São Paulo.

Valores mais acessíveis, taxas de juros reduzidas e condições mais adequadas de financiamento estão entre os fatores que atraem o público para o segmento econômico, que geralmente inclui a demanda por primeira moradia. Porém, se a expansão desse mercado é motivo de comemoração, também há razão para preocupação. A rápida e crescente redução do estoque pode representar dificuldades num futuro próximo. Se este bom comportamento ocorre em um cenário de certa instabilidade, caso haja um reaquecimento da economia, a oferta poderá ser consumida com mais velocidade, demandando aumento da produção -- o que não é passível de acontecer em igual velocidade em um setor que opera a longo prazo.

Por outro lado, sob a ótica da oportunidade, o momento continua propício para quem pretende adquirir imóvel. Já para os empreendedores, o elevado déficit habitacional cria a possibilidade de suprir a demanda a curto e médio prazos. Além disso, se a economia caminhar para a normalidade, como se espera, a procura por imóveis, tanto para a aquisição quanto para investimentos, será fortalecida.

O empreendedor espera reaver a confiança para investir nesses e em outros produtos, algo que depende da definição da política econômica a ser adotada pelo próximo governo. Como disse, para um setor que trabalha a longo prazo, a previsibilidade é fator indispensável. Acredito que, a partir da fase de transição, ciente das condições em que encontrará o País, o presidente eleito poderá definir as medidas adequadas para enfrentar os próximos anos. Por acreditar incondicionalmente no Brasil, o setor imobiliário continuará fazendo a sua parte, contribuindo para recolocar o País nos trilhos do crescimento entregando moradia, gerando emprego, renda e dignidade.

Flavio Amary é presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) e reitor da Universidade Secovi -- [email protected]