Buscar no Cruzeiro

Buscar

Quando a pandemia passar

24 de Abril de 2020 às 00:01

Maria Lúcia Amary

Nas últimas duas décadas o Brasil e o mundo têm se deparado com acontecimentos que fizeram as pessoas a mudarem seus planos, o seu modo de pensar e de agir, ocasionados principalmente pelo legado deixado por cada um deles.

O mundo financeiro repensou as suas atitudes depois da crise de 2008, a maior desde o crash da bolsa de Nova York de 1929. Ainda assim, doze anos depois, o Brasil ainda sente a “marolinha” ocasionada nos EUA, pelo crescimento do País de apenas 1,1% em 2019, voltando ao patamar de sete anos atrás.

O mesmo ocorreu com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, ambos realizados no Brasil. O sucesso de dentro dos campos e das quadras não foi o mesmo fora deles.

Infelizmente, o legado foi de relatos de superfaturamento de obras públicas, de construção de estádios, e investimentos bilionários dos setores público e privado, que poderiam ter sido para a saúde e educação, principalmente por tratar-se de um dos países mais socialmente desiguais do mundo.

Na política, por conta do escândalo do Mensalão em 2005 e da Operação Lava Jato em 2014, resultando em um impeachment presidencial no ano seguinte, o brasileiro mudou a maneira de pensar, de escolher o seu candidato, dando preferência aos que possuem a chamada “ficha limpa”, condutas éticas e de respeito ao cidadão.

Em 2020, inevitavelmente a pandemia do coronavírus chegou ao nosso País. Como dizia o saudoso ex governador Mário Covas, que completaria 90 anos neste 21 de abril, diante da adversidade só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer. É o que todos estamos tentando fazer nesta crise.

Em quarentena desde 24 de março para evitar a proliferação do vírus, já é possível tirar a conclusão de que, devido a todos esses acontecimentos citados, o Brasil poderia ter mais hospitais e sofrer menos com a ocupação dos leitos.

Mas além disso, estamos aprendendo algo mais. O legado do Coronavírus, que já infectou 2,5 milhões e matou mais de 150 mil pessoas no mundo, será o da humanização. Quando a pandemia passar, o ser humano dará mais valor à vida, à saúde, aos familiares, aos amigos, ao emprego, à liberdade. Serão tiradas lições de como administrar melhor o dinheiro e a renda familiar para adaptar-se às mudanças repentinas. A fazer reservas para os imprevistos que a vida nos traz, para que desta maneira, possamos apreciar por muito tempo os bonitos pores do sol deste mês de abril, que chegam como um sinal de esperança e de dias melhores para todos durante o período de isolamento social.

Maria Lúcia Amary é deputada estadual pelo PSDB.