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Professor Luizito Marins

05 de Maio de 2020 às 00:01

Professor Luizito Marins Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Vanderlei Testa

Há na história de Sorocaba muitas pessoas que ajudaram a construir com suas vidas os momentos que todos os historiadores perpetuam em seus livros, documentos e palestras. E, em muitas dessas personalidades humanistas em princípios e conquistas à cidade está o saudoso professor Luiz Almeida Marins, que era chamado de “seu Luizito”.

Filho de Ovídia de Almeida Marins e Joaquim Isidor Marins. Jovem idealista tinha o dom da sabedoria. Era um mestre na educação que adquiriu desde o curso primário. Luiz Marins buscou em Itapetininga a oportunidade de estudar no Curso Normal da escola Peixoto Gomide. Sorocaba ainda não tinha esse curso de formação de professores.

Retornando em 1933 à sua cidade fundada por Baltazar Fernandes, o agora professor normalista Marins conquistou uma vaga para lecionar na Escola Gaspar Ricardo Junior, conhecida como “Curso Ferroviário”. Com a experiência profissional adquirida expandiu suas aulas à Escola Técnica Fernando Prestes, existente atualmente na avenida Com. Pereira Inácio.

Um fato curioso na vida do professor Luiz Almeida Marins é que no auge da sua juventude teve como decisão estudar em São Paulo na Escola Superior de Educação Física da Universidade de São Paulo-USP. Estamos falando de 1935, em uma histórica implantação da USP em formar a sua primeira turma de educadores físicos. Com os seus 20 anos seguia em frente nos estudos.

Lá nos anos de 1938, no dia de Santo Antonio, em uma tarde abençoada, o Luiz Marins colocava a aliança no dedo esquerdo da sua esposa Maria de Castro Affonso, também de tradicional família sorocabana. Ele tinha 23 anos de idade. Ousado e visionário da educação, Marins retornou a Sorocaba para dar aulas no Seminário Menor de São Carlos Borromeu, ensinando aos seminaristas as disciplinas de Português e História.

Formar uma família estava nos planos do professor Luiz Marins. Vieram os filhos e tive o privilégio de conviver com os quatro filhos. A Maria Luiza e seu marido Sergio Holtz em projetos de comunicação. O Marcos Marins, na criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas- ADCE Núcleo Sorocaba e, em mais de 30 anos com ele e a esposa Maria José no Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

O professor “Zefra” José Francisco, em atividades comunitárias e na sua aptidão de caligrafo. E o professor Luiz Almeida Marins Filho, em décadas de atividades religiosas, culturais e empresariais.

A grande virada na vida do professor Marins, o “Luizito”, deu-se em 1943, em plena época de guerra ao fundar o Ginásio Ciências e Letras. Esse colégio foi um ícone na educação de Sorocaba. Durante 30 anos o professor Luizito esteve à frente da instituição, sempre apoiado por sua esposa e filhos.

Quem não se lembra daquele casarão pertencente ao Mosteiro de São Bento. Fui aluno no Colégio Ciências e Letras em um ano de curso preparatório ginasial.

Os relatos da história do Luiz Almeida Marins, professor Luizito, na comunidade de Sorocaba foram marcantes nestes quase 100 anos de Arquidiocese. Ele era um historiador católico ativo e muito inspirado nas suas ações. Foi presidente da Congregação Mariana, da Federação Mariana em três décadas, fundador do Teatro Amador da Diocese de Sorocaba.

Como palestrante e pregador cursilhista Luiz Marins foi um dos destacados dirigentes do Movimento de Cursilhos de Cristandade, chegando a ser o presidente do Secretariado Nacional do Movimento no Brasil. Participava de emissoras de Rádio como locutor de programas religiosos e da tradicional Festa do Divino, com sua esposa na missão de festeiro e Imperador dos festeiros na Catedral Metropolitana.

Luiz Almeida Marins foi um dos fundadores da Associação Sorocabana de Imprensa e do Rotary Clube de Sorocaba. Destaca-se também na sua vida a participação na fundação da primeira diretoria do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, em 1954.

Ele era amigo e pesquisador do historiador Cônego Castanho, Luiz Castanho de Almeida, do jornalista Cecê Cezar, Renato Sêneca de Sá Fleury e Doracy Amaral, figuras destacadas da sociedade cultural de Sorocaba. Juntos decidiram formar o que hoje ainda podemos desfrutar dessa entidade atualmente dirigida pelo professor Adilson Cesar e secretariada pelo meu primo Gumercindo Basso.

Foi autor de artigos publicados na imprensa sorocabana e, em especial, no Jornal Cruzeiro do Sul. Um dos Idealizadores do Museu de Arte Sacra na cidade o seu “Luizito” tinha verdadeira paixão em preservar as imagens de santos e objetos sacramentais, incluindo cálices e a cadeira do santo brasileiro Santo Antônio de Sant’ Ana Galvão. O amigo professor Luizito nasceu no mesmo ano do meu pai, em 1915.

Confesso que a amizade com o Luizito me fazia bem. Junto com o padre Mauro Vallini, tínhamos uma convivência na Catedral Metropolitana das mais saudáveis. Admirava o comprometimento e seriedade com que ele assumia as suas atividades pastorais. Era um líder nato e gostava de tudo bem feito.

Dizia que Deus merece sempre o melhor das pessoas. Sua experiência de vida assimilada em administrar a escola que fundou, com milhares de alunos, o forjou como ser humano cristão a unir a caridade ao relacionamento com todas as pessoas, independente da sua classe social.

Exercia a justiça e a ética nos seus relacionamentos e com a esposa e filhos plantaram sementes de respeito e amor ao próximo. Com 83 anos de idade o Luiz Almeida Marins partiu deste mundo. Foi à outra morada e ao encontro da sua amada Mariquita, como romanticamente chamava sua esposa e manifestava a ela todo o seu amor. Com certeza no paraíso, o professor Luizito está junto aos filhos Marcos e José Francisco a gozar no céu da sua fidelidade a Deus.

Vanderlei Testa jornalista e publicitário escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogdovanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta