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Por mais representatividade negra no setor cultural

20 de Novembro de 2020 às 00:01

Izabel Camargo Lopes Monteiro

O Dia da Consciência Negra estimula a sociedade a aprofundar o conhecimento sobre a história e a cultura africanas. Também propõe amplo debate sobre a desigualdade racial existente em nosso País, infelizmente ramificada em diversos setores -- como por exemplo o cultural. Seja por falta de representatividade ou personagens estereotipados, historicamente a população negra é prejudicada em diversas linguagens artísticas. Por isso, uma das formas de celebrar este dia 20 de novembro é o interesse por conteúdos relacionados ao tema, ler autores negros e, deste modo, contribuir para promover a diversidade também no mundo da cultura e da literatura.

A editora da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Imesp), importante pilar institucional da empresa que publica o “Diário Oficial do Estado” desde 1891, concentra-se sobretudo em obras de referência, raramente acolhidas por selos editoriais privados. O catálogo da Imesp concentra livros que fomentam discussões a respeito da questão étnica no Brasil. São títulos que homenageiam personalidades negras, que fizeram história nas artes e na literatura, além de volumes que embasam a compreensão de contextos históricos.

Considerado por muitos críticos como o maior escritor brasileiro, Machado de Assis é a figura central dos dois tomos de “Escritor por Escritor: Machado de Assis segundo seus pares” (Imesp), organizados por Hélio de Seixas Guimarães e Ieda Lebensztayn. Resultado de vasta pesquisa realizada em instituições públicas, a obra completa reúne impressões de autores e intelectuais contemporâneos e posteriores a ele, opiniões expressas em textos publicados desde a sua morte, em 1908, até 1939 -- no primeiro volume; e até o centenário, em 2008, no segundo. Algumas das polêmicas em torno de Machado são mencionadas, incluindo seus posicionamentos perante os movimentos sociais e políticos do seu tempo. Destaca-se ainda, no conjunto da obra, um contundente texto de autoria de outro grande autor negro brasileiro, Lima Barreto.

Na categoria de arte, a obra “Yêdamaria” (Imesp) exalta a artista plástica negra e nordestina Yêda Maria Corrêa de Oliveira. Nascida em 1932 em Salvador (BA), foi a primeira estudante negra da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia e, no início dos anos 1970, a fazer mestrado nos Estados Unidos. O título faz uma retrospectiva de sua carreira como pintora, que ganhou notoriedade nacional e internacional.

Já o clássico publicado originalmente na Inglaterra em 1971, “Arte Africana”, do antropólogo britânico Frank Willett, chegou às prateleiras brasileiras em 2017, por meio de uma coedição da Imesp e Sesc-SP. O título apresenta grande introdução sobre as mais importantes produções artísticas africanas, passando pela pintura, escultura e arquitetura. A edição nacional, com revisão do autor, tem inclusão de dados mais recentes e novas ilustrações.

Vale ênfase também a dois títulos integrantes da “Coleção Aplauso”, da Imesp: “Zezé Motta: muito prazer” e “Jeferson De: dogma feijoada - o cinema negro brasileiro”. O primeiro perfila a atriz Zezé Motta, consagrada por seus numerosos trabalhos no cinema, no teatro e na televisão. O segundo traz quatro curtas-metragens do cineasta negro Jeferson De, e aborda a história do negro no cinema brasileiro em análise do sociólogo Noel dos Santos Carvalho.

Ao longo dos anos, a editora da Imprensa Oficial publicou diversos outros livros relativos à temática, todos grandes sucessos e atualmente esgotados. Entretanto, todos os títulos aqui mencionados estão disponíveis no Imesp, inclusive na livraria virtual (livraria.imprensaoficial.com.br).

Izabel Camargo Lopes Monteiro é Diretora Administrativo-Financeira da Imprensa Oficial do Estado e da PRODESP Empresa de Tecnologia do Estado.