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Poluição dos plásticos, um problema de todos

12 de Março de 2019 às 00:01

Cíntia Carolina Munhoz com Daiane Aguilar da Cunha e Vanessa de Oliveira Braga

A poluição plástica é uma das grandes vilãs do século 21 e uma das maiores preocupações em relação a danos ao meio ambiente e à saúde humana.

O plástico se faz presente em nosso cotidiano quando tomamos água ou refrigerante na garrafa descartável, utilizando canudo, colocando nossas compras na sacola plástica, quando usamos fralda descartável em nossos filhos, quando usamos talheres plásticos no churrasco ou naquela festinha com nossos amigos, nos utensílios domésticos, brinquedos, peças automotivas e uma infinidade de coisas fabricadas com o este material.

É inegável que o plástico é uma revolução na maneira que vivemos, sendo a praticidade sua melhor característica, porém, os danos causados ao meio ambiente e à saúde são imensuráveis. O problema surge com o aumento da produção de materiais plásticos e o seu descarte incorreto, que aliados à falta de reciclagem tornam o assunto uma preocupação constante.

Considerado o maior desafio ambiental do século 21 pela ONU, o impacto da poluição plástica foi o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2018.

Um dos problemas enfrentados com o lixo plástico é que a metade do plástico consumido é descartável e, no mínimo, 13 milhões de toneladas desse lixo param nos oceanos todos os anos. Se continuar neste ritmo, no futuro existirá mais plástico do que peixes nos oceanos.

É certo que a fauna marinha está ameaçada com lixo plástico, mas nós, humanos, também sofremos com esse problema. Uma das preocupações são os microplásticos, sendo estimado que cerca de 5,25 trilhões de partículas de plástico estão nos oceanos, o equivalente a 269 mil toneladas. Esses microplásticos entram na cadeia alimentar, afetando as espécies marinhas e, consequentemente, os humanos.

Os plásticos absorvem poluentes e substâncias tóxicas, de forma que um peixe ao ingerir esse material corre o risco de contaminação, e o humano que se alimenta desse peixe está consequentemente exposto à mesma contaminação. Mas não é só dessa forma que o organismo humano pode ser prejudicado, existem outras, como uma possível transferência de substâncias perigosas das embalagens para alimentos, cuja migração foi comprovada para alguns casos, em especial quando envolvem temperaturas altas.

O momento é de reflexão! Após uma corrida desenfreada pelo crescimento econômico a qualquer custo, o meio ambiente e os seres que nele habitam estão em sofrimento e, podemos dizer, até mesmo, caminhando para a autodestruição.

Hoje a palavra de ordem é a sustentabilidade que, infelizmente, em razão dos hábitos autodestrutivos desenvolvidos pelos seres humanos, custa bastante caro.

É preciso incutir, na própria existência dos homens, a necessidade de adequação imediata no modo de pensar, de agir, de (co)existir com o meio ambiente, já tão sofrido e degradado por nós.

Não podemos dar continuidade ao crescimento da forma mais fácil, o que resultou no caos ambiental que nos encontramos hoje. Temos que repensar cada atitude, cada canudo utilizado, cada sacola plástica, cada embalagem descartável. Diante do caos, cada detalhe importa.

Porém, não cabe apenas ao cidadão comum refletir e mudar seu modo de pensar e agir diante desse cenário caótico, mas também o poder público que precisa considerar o meio ambiente antes do crescimento econômico. É desejável também que se criem políticas de incentivo para produção e utilização de materiais biodegradáveis em substituição aos feitos a partir de petróleo, em regra utilizado na produção dos materiais plásticos.

O primeiro passo para a reversão dessa situação é a mudança de postura de cada indivíduo, sendo que a adoção de atitudes de consumo consciente ganha força e se torna protagonista da mudança necessária.

Definitivamente a mudança de paradigma não é tarefa fácil, porém é viável. E necessária.

Cíntia Carolina Munhoz, Daiane Aguilar da Cunha e Vanessa de Oliveira Braga são advogadas e alunas do programa de pós-graduação em Ciências Ambientais da Unesp - Sorocaba.