'Pais e filhos', de Hirokazu Koreeda, no Cine Reflexão
Ryota vive drama insolúvel provocado pela troca de filhos - Foto: Divulgação
Nildo Benedetti
O arquiteto Ryota vive com sua esposa e o filho. É talentoso, trabalhador incansável, bem sucedido profissionalmente e proporciona conforto material à família. Seu apartamento é amplo, limpo, organizado e decorado com bom gosto pela esposa educada. É devotado à família, e sua prioridade é o trabalho para assegurar à esposa e ao filho um futuro de prosperidade. Tem uma vida controlada e rigorosamente ordenada. Exerce sobre o filho Keita, de seis anos de idade, vigilância inflexível nos estudos com objetivo de torná-lo um vencedor em um mundo competitivo, porque acredita que descanso e relaxamento não fazem grandes homens. Ele vê o mundo como um ringue em que competidores se engalfinham pelo acúmulo de bens e prestígio e, por isso, não vê com bons olhos algumas características de Keita: um menino gentil, emotivo e, pior, bom perdedor. Mas, a despeito das suas exigências sufocantes, sua relação com o menino é de ternura e de carinho.
Em outro local da cidade reside uma família de classe operária: o lojista Yudai, a esposa mal-humorada que trabalha como garçonete e três filhos. Yudai leva uma vida simples em uma casa minúscula e confusamente desleixada. Vive de fazer pequenos reparos e faz algumas vendas de matérias elétricos. O orçamento da casa é, obviamente, curto. Yukai é o oposto de Ryota: não gosta de trabalhar e seu lema é o de adiar hoje o que você pode fazer amanhã. Faz brincadeiras com os filhos como se fora uma criança, com frequência interrompe o trabalho para conversar com um cliente, para cuidar de algum filho ou ainda ajudar uma criança a consertar um brinquedo. Acidentes comuns na infância, como pequenos cortes ou arranhões, não constituem motivos de preocupação para Yudai.
As duas famílias, embora tão diferentes em suas condições econômicas e sociais e no tratamento e cuidados dispensados aos filhos, têm os problemas normais que aparecem em todas as relações familiares: rusgas entre os adultos e entre as crianças, demonstrações de sentimentos variados de uns com os outros etc.
Ocorre então um fato que desmonta a normalidade nas duas famílias: a administração do hospital em que Keita havia nascido convoca os pais do menino para uma reunião para informá-los de que, devido a um erro cometido por uma enfermeira, houve troca de crianças com outro casal e, portanto, Keita não é filho biológico de Ryota e da esposa. Seu filho foi criado pela família do lojista Yudai e o filho deste foi criado por Ryota e sua esposa. Surge, portanto, um problema de dificílima solução: as crianças deverão ser devolvidas aos pais biológicos ou devem continuar a viver normalmente suas vidas atuais?
As duas famílias se encontram e decidem propiciar aos meninos um período de adaptação, que consiste em trocarem as crianças nos fins de semana. Ou seja, cada casal ficará dois dias com seu filho biológico. Nestas trocas, Ryota vai entendendo melhor sua relação com Keita e sua própria visão de mundo.
Serviço
Cine Reflexão
“Pais e filhos”, de Hirokazu Koreeda
Sexta-feira (10), às 19h
Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)
Entrada gratuita