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Outubro Rosa em tempos de Covid-19

02 de Outubro de 2020 às 00:01

Luiz Antônio Guimarães Brondi

Estamos no mês do “Outubro Rosa”, considerado em todo mundo como um movimento de alerta e conscientização para o câncer de mama. Muitas palestras, caminhadas, iluminação de monumentos em cor rosa, serão, ou deveriam ser, realizados nos mais diversos países e regiões do planeta. O “laço cor de rosa”, criado em 1.999, se tornou o símbolo da prevenção do câncer de mama, assim como o laço azul, no mês de novembro, representa o símbolo da prevenção ao câncer da próstata no homem.

Ao mesmo tempo que isto ocorre neste ano de 2.020, convivemos com a Covid-19, uma pandemia por vírus agressivo de alta letalidade para determinado grupo de pessoas, causando muitas mortes em países da Europa, na China e agora também aqui no Brasil. Mas sabemos que isto não será considerado como o “Imperador de todos os males” (Uma biografia do câncer) segundo o livro de Siddharta Mukherjee (prêmio Pulitzer 2011), pois já conhecemos este coronavírus e a sua prevenção e cura estão muito próximos. O único símbolo que ainda restará da Covid-19 será o uso da máscara, que esperamos em pouco tempo será eliminado e esquecido por todos. Ficarão em nossa memória apenas as vítimas desta pandemia, que serão sempre lembradas. Mesmo assim, tomando todas as precauções exigidas durante esta pandemia, com nossas aulas, cursos, jornadas e congressos realizados on-line, as pacientes portadoras de câncer continuaram sendo atendidas, diagnosticadas e tratadas regularmente.

O câncer de mama continua sendo o tumor de maior incidência e a principal causa de morte por câncer entre as mulheres. São diagnosticados aproximadamente um 1,7 milhão de novos casos por ano, com 750 mil mortes anuais em todo o mundo, ou seja, um caso a cada 24 segundos e uma morte a cada 68 segundos. No Brasil, avalia-se atualmente o diagnóstico de 70 mil novos casos de câncer mamário por ano, com cerca de 15 mil mortes: aproximadamente 139 casos por dia, com maior incidência nas regiões Sul e Sudeste do Pais. Na região de Sorocaba e cidades vizinhas, diagnostica-se cerca de 600 novos casos por ano.

Muitos países do Hemisfério Norte, conseguiram reduzir a mortalidade em mais de 40% entre as pacientes portadoras de câncer de mama, principalmente realizando o diagnóstico precoce do tumor. Em nosso Pais, 65% dos casos são diagnosticados nos estágios I e II da doença. O retardo no diagnóstico e a demora em iniciar o tratamento faz com que a mortalidade continue elevada.

Mas, inúmeras conquistas obtidas por pesquisadores nesta área permitem que um número maior de mulheres sobreviva por tempo mais prolongado. Ter um câncer de mama, atualmente, não significa uma morte anunciada. Dispomos de conhecimentos suficientes para salvar mais de 90% das pacientes. Tudo depende do diagnostico precoce, chave para a cura do tumor. O tratamento multidisciplinar, com a atuação de vários especialistas dentro desta área da medicina, é essencial para darmos à paciente uma sobrevida melhor e chegarmos à cura da doença. Também a melhor compreensão dos fatores genéticos, familiares, ambientais, endócrinos, imunohistoquímicos, associados a um diagnóstico do tumor em fase inicial, nos leva à realização de cirurgias mais conservadoras, menos agressivas, podendo oferecer uma qualidade de vida melhor a estas mulheres.

Métodos recomendados para a detecção precoce do câncer de mama : autoexame das mamas, pela própria mulher; exame clínico semestral ou anual realizado pelo seu médico; a mamografia realizada anualmente, dos 40 aos 70 anos de idade; a ultrassonografia das mamas principalmente para mulheres mais jovens, onde a mamografia não nos dá boas informações e a ressonância magnética, em casos indicados pelo seu mastologista.

Dr. Luiz Antônio Guimarães Brondi é professor titular do Departamento de Cirurgia, disciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina de Sorocaba - PUC/SP - Especialidade: Mastologia e Cirurgia Oncológica.