Buscar no Cruzeiro

Buscar

Osteoporose, uma doença silenciosa

09 de Janeiro de 2020 às 00:01

Tulio Pereira Cardoso

A osteoporose é basicamente a perda de massa óssea. A diminuição da quantidade ou da concentração de minerais e de células ósseas do próprio osso ocorre naturalmente com o envelhecimento. Não confundir osteoporose com osteoartrose que é o desgaste da articulação e que começa pela perda da cartilagem.

A perda da massa óssea aumenta o risco de fraturas já que ocorre um comprometimento estrutural dos ossos. Tão importante quanto a quantidade de osso é a sua qualidade.

Radiografias feitas em múmias do antigo Egito demostram fraturas por achatamento vertebral e do colo do fêmur, sugerindo o diagnóstico de osteoporose.

O National Institute of Health dos Estados Unidos definiu a osteoporose como “Epidemia do Século 21”. Um dos maiores motivos dessa epidemia é o aumento da longevidade da população. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 1/3 das mulheres brancas com mais de 65 anos tem osteoporose.

Estima-se que mais de 10 milhões de pessoas nos EUA tenham alguma forma de osteoporose, com aproximadamente 1.300.000 fraturas por ano, sendo as mais frequentes as do quadril, da coluna vertebral e do punho. As fraturas do quadril acometem a parte superior do fêmur. São as fraturas do colo do fêmur e da região trocanteriana. É o idoso que cai porque quebrou. O índice de sequelas e de morte nesses casos é alto. O impacto econômico é enorme com gastos anuais em torno de 15 bilhões de dólares.

Existem basicamente dois tipos de osteoporose. A primária que ocorre pós-menopausa, ou tipo I, e a senil ou tipo II. Já a forma secundária está relacionada a doenças como o diabetes mellitus, o hiperparatireoidismo, mieloma múltiplo e tumores da medula óssea, uso excessivo de corticoides, menopausa pós-cirúrgica (histerectomia) e outras.

A osteoporose é conhecida como “doença silenciosa”. Quando aparecem os sinais e sintomas já ocorreu alguma alteração importante do osso. O diagnóstico é feito pelas queixas clinicas, tais como “dor nos ossos”, principalmente noturna, por radiografias que podem mostrar diminuição do trabeculado (osso mais poroso e mais fino) e principalmente pela densitometria óssea, exame que mede a densidade óssea e de minerais no esqueleto.

Habitualmente essas medidas são feitas na coluna lombar e no quadril. Os exames de laboratório são úteis no acompanhamento do tratamento da osteoporose e em algumas doenças metabólicas específicas.

Alguns pacientes queixam de perda de altura e deformidade da coluna. Nas fases iniciais, a densitometria acusa alguma queda da massa óssea ou osteopenia. Teoricamente toda mulher acima dos 50 anos, ou pós-menopausa, apresenta alguma perda da densidade óssea, ou osteopenia, o que não caracteriza uma doença mas apenas o envelhecimento biológico.

São inúmeros os fatores de risco. Raça branca, tabagismo, alcoolismo, má nutrição, histórico familiar e menopausa precoce estão entre os principais. O sedentarismo é uma das causas, mas o excesso de atividade física pode levar a amenorreia (falta de menstruação) induzindo o aparecimento de osteoporose.

Alguns medicamentos tais como corticoides, antiácidos, anticonvulsivantes e heparina podem favorecer o aparecimento da osteoporose.

O principal objetivo do tratamento é a prevenção. Boa alimentação, exercícios moderados e regulares, bons hábitos de higiene e saúde (não fumar, beber com moderação, dormir bem) são regras gerais para boa saúde, inclusive a saúde óssea.

Do ponto de vista medicamentoso podemos usar agentes que inibem a reabsorção óssea e aqueles que promovem a formação de osso. Essa modulação entre perda e ganho de massa óssea é o ponto fundamental da prevenção e tratamento. Entre esses medicamentos temos: a calcitonina do salmão, os bisfosfonatos, o raloxifeno e outros moduladores dos receptores de estrogênio, a tibolona, o ranelanato de estrôncio, o paratormônio, o ácido zoledrônico e alguns anticorpos monoclonais como o desonumabe e o romosozumabe. Cada um com suas indicações, muito frequentemente com combinações, e todos com suas vantagens e riscos.

A combinação de cálcio e vitamina D é parte importante no tratamento e na prevenção da osteoporose. Além disso promovem ganho de força muscular melhorando o equilíbrio e diminuindo o número de quedas nos idosos.

O uso dessas terapias deve ser indicado e monitorado por médicos especialistas nas áreas pertinentes. Os endocrinologistas/metabologistas, os geriatras, os ginecologistas e os reumatologistas, cada um tem seu importante papel na prevenção e tratamento da osteoporose. Já os ortopedistas habitualmente atuam no tratamento das fraturas decorrentes dessa patologia. Na dúvida, consulte seu médico.

Referências:

Dequeker J. et al. J Bone Miner Res, 1997

Szejnfeld V.L., Osteoporose: diagnóstico e tratamento, 2000 https://www.sheffield.ac.uk/NOGG/NOGG%20Guideline%202017.pdf

Dr. Tulio Pereira Cardoso tem Título de Especialista pela Soc. Bras. de Ortopedia e Traumatologia e é Coordenador da Preceptoria de Ortopedia do Hospital Santa Lucinda da PUC-SP.