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Os descendentes de Albina e Silvio Trevisan

08 de Dezembro de 2020 às 00:01

Os descendentes de Albina e Silvio Trevisan Crédito da foto: Arte Camila Testa

Vanderlei Testa

O Natal está chegando e os nossos sentimentos familiares se tornam aquecidos com as lembranças de infância. A busca de parentes “perdidos” no tempo é, com as redes sociais, um presente fascinante em pesquisar e encontrar. Convido os leitores a fazerem essa experiência.

O jovem Silvio Trevisan tem uma trajetória fascinante no Brasil. O filho de Regina Maragoni e Antônio Trevisan veio em navio de imigrantes italianos. Foi para Piracicaba trabalhar. Conduzido para uma colônia de italianos chamada Água Santa, começou a sua realização dos sonhos de vida. Nos bailinhos dos chamados terreiros da colônia, ao som de sanfona e violão, Silvio dançava e flertava com as mocinhas da Usina de Açúcar que ele interagia no trabalho dos canaviais. Levantar de madrugada e preparar a marmita para o almoço, colocar proteção nos pés e nas mãos para a foice não machucar o corpo, era a rotina diária do Silvio. Entre as garotas da comunidade uma se destacava. Era a filha do casal de italianos Victória Calegari e Giuseppe Testa. Seu nome é Albina. Seus olhos pretos, olhar profundo, rosto marcante numa beleza ímpar, impressionou e cativou o Silvio Trevisan. Foi namorar seguindo as regras daquele tempo em pedir a mão da Albina aos seus pais. Noivado e casamento foi rápido.

Era o dia 4 de novembro de 1911 quando Albina e Silvio foram ao Registro Civil das Pessoas Naturais (Cartório de Registro Civil da cidade de Piracicaba). Estavam acompanhados dos familiares quando colocaram os seus dedos no documento da Certidão de Casamento. Ela tinha 18 anos de idade e ele, 22 anos. Começava um novo projeto, sem recursos financeiros, mas com a determinação de formarem uma grande família.

Os pais da Albina tiveram treze filhos. Pelo jeito havia no seu DNA a mesma facilidade para gerar sua prole. O marido Silvio queria muitos filhos, descendentes Trevisan. Ele viveu 84 anos e ela 47 anos. Ficaram casados 29 anos. Tiveram dezesseis filhos. Antônio Trevisan (foi meu padrinho da Crisma), Antenor, Sétimo, Amadeu, Lourdes (moradores do Além Ponte), Antonia, Orlando, Silvio, Dario, José , Heitor, Bento, Elvira, Iolanda, Hélio, Zelina.

Albina Testa Trevisan era irmã do meu pai. Ela faleceu anos antes do meu nascimento. Mas os seus filhos, na grande maioria, visitavam a minha casa. Alguns deles moravam em Sorocaba e os demais em São Paulo e Piracicaba. Cada um desses dezesseis sobrinhos dos meus pais teve seus filhos e netos. A multiplicação da família se tornou geométrica, sem que houvesse, da minha parte, contato com todos.

Com as facilidades dos meios de comunicação pelas redes sociais, tenho veiculado artigos e publicações. Com essa interação virtual recebi, há poucos dias, uma pergunta no Messenger: “Sou neto de Silvio Trevisan e Albina Testa. Minha avó era sua parenta?”. Sidney Trevisan assinava como Trevizan.

Certamente que é, pensei. Ela é irmã do meu pai, respondi. Pronto. Começava aí um diálogo e amizade de primos se encontrando pela primeira vez. Nas nossas conversas tudo ia se clareando. Enviei a ele um mapa da genealogia da família que minha filha usou para catalogar o seu pedido de cidadania italiana. O Sidnei é filho da Eunice de Farias Trevisan e Bento Trevisan. A “tia Nice” que eu não via há uns 50 anos. Infelizmente, o Bento faleceu recentemente.

Empolgado pela descoberta, marquei com o Sidney para conversar com sua mãe, hoje com 86 anos de idade. O celular com o uso das imagens no WhatsApp é uma das maravilhas da tecnologia on-line.

Que delícia ver e ouvir novamente a tia Nice. Uma longa conversa e lembranças da época em que ela frequentava minha casa na infância, na década de 50. Com três filhos -- Sidney, Sérgio e Silvio a tia Nice passa feliz o seu tempo em família, com saúde emocional e uma fé que a anima a seguir adiante. Já os oito filhos de Iolanda Trevisan iniciaram um novo clã, de nome Bizan. A Elza, Carmela, José Mário, Albina, João Batista, Silvio e Maria Aparecida. E os primos continuam aumentando.

Dou graças a cada dia pela aproximação humana que a rede social possibilita às pessoas. Revemos entes queridos e integramos sentimentos gerados no amor de nossos antepassados. História semelhante começou a acontecer com outro laço de sangue, desta vez da minha mãe. Os meus avós maternos -- através da avó Rosa Modolo -- estão me levando a descobrir meus primos espalhados por várias cidades. Minha lista de nomes no WhatsApp está aumentando nas conversas que mantenho constantemente. José Luiz Modolo, em Piracicaba; Cassiana Modolo Tardivo, em Ribeirão Preto; Alan Modolo e outros primos gerados pelos irmãos da minha avó. José Luiz Modolo me contou que, em breve, irá publicar um e-book com as informações que ele pesquisou em cidades, cemitérios, cartórios e pessoas das várias gerações dos membros da família Modolo. Inclusive aqui entra mais uma descoberta. Uma irmã do meu pai casou com Luiz Modolo, filho de um irmão do pai do José Luiz e, por isso, tenho duas ligações com os italianos vindos dos meu bisavós Anna e Luiggi Modolo, da Província de Treviso.

Agora estou atrás, também, de descobrir onde andam os meus parentes da família do meu avô Ferrucio Macari. Ele veio para o Brasil ainda mocinho, em navio da Itália, e tem os seus irmãos espalhados pelo País. Quem sabe a rede social aproximará os Macari, como o fez com os Modulo e Trevisan. E têm os Calegari, por parte da minha avó paterna, Victória Calegari, para uma outra aventura de pesquisa.

Vanderlei Testa é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta