Os 100 anos do Pedro Dini
Crédito da foto: Imagem da Família / Arte TV
Vanderlei Testa
Dou continência a você, saudoso soldado combatente e vitorioso Pedro Dini. Os seus 100 anos de vida foram lembrados por seus amigos e familiares. Partiu antes de nós, com 83 anos. Hoje está entre os que gozam da vida eterna. Na infância, eu atendia meu pai pedindo para ir buscar umas cem gramas de preguinhos na loja do seu Pedro. E minha mãe solicitava cal virgem para colocar na abóbora que seria transformada em doce. Na minha juventude comparecia à mesma loja, com novos ares de comércio modernizado, para outras compras. Foram essas lembranças de pregos, parafusos, canos, tintas, o que de melhor ficou marcado no meu coração: a convivência com o casal Jocelina (dona Nina) Santos Dini e Pedro Dini com os seus seis filhos e netos.
No dia 7 de julho, a Sônia Dini veiculou na rede social as fotos dos pais e família, relembrando os 100 anos do patriarca que seriam comemorados nessa data. O lado bom dessas publicações é voltarmos no tempo. Um filme passa na cabeça. Da minha casa até o lar dos Dini andava uns 500 metros. Os filhos eram amigos do Grupo Escolar Senador Vergueiro. Amigos de brincar e de conviver. O Fernando Dini Neto “Fô”, tinha a minha idade. Vivemos as peraltices daquela época. A Heloisa e a Sônia também foram amigas que alegravam aquele espaço nas redondezas da Igreja do Bom Jesus e do Ginásio de Esportes. Atualmente a Sônia mora na residência onde nasci, na rua Santa Maria, 111.
Pedro Dini e seus irmãos, Antonio e Danilo, foram três comerciantes entre os fundadores do Rotary Clube Sorocaba-Leste. Na minha fase adulta eu participei como associado dessa entidade. Os nomes dos irmãos Dini eram citados entre os líderes comunitários que deixaram o testemunho de amor ao próximo nas ações do Rotary Leste em prol de Sorocaba.
O bairro Além Ponte e a rua Nogueira Padilha são lembrados na sua tradição centenária da família Dini como um dos polos residenciais e comerciais de Sorocaba. Desde o nascimento do Pedro em 1920 até a sua despedida ao céu sagrado da eternidade em 2003, ele foi predestinado a criar sobre si as páginas vitoriosas de sua história. Sua filha Sônia relembrou: “Meu pai faria 100 anos. Uma das perdas mais dolorosas da minha vida. Foi o pai mais amoroso do mundo, um educador de primeiríssima qualidade, um companheirão, formou seis filhos fortes. Meus quatro filhos também tiveram a sorte de serem guiados por ele. Saudade, pai!”.
Milton Sanches, morador do bairro e amigo da família citou: “Conheci e convivi com a família Dini quando criança. Realmente o seu Pedro foi um grande ser humano”.
O neto Flávio Dini se lembra do avô: “Nossa, que saudade! Muito grande esse amado avô. Lembro-me, que eu, minha irmã e os nossos primos, passamos boa parte de nossa infância na casa deles. Sempre meus avós foram muito atenciosos e alegres com nossa presença. Havia muita fartura por lá, de amor, carinho, guloseimas e farta mesa de café aos domingos. Sua casa era o ponto de encontro de todos os familiares e amigos. A rua Nogueira Padilha era tranquila e até jogávamos bola na calçada. Era um tempo vivido que jamais voltará atrás. Guardo essas boas lembranças eternamente em meu coração. Foi um empréstimo de seu valioso tempo com todos nós. Beijos no coração, meu amado avô Pedro”.
Darci Lourenço, um admirador do Pedro destacou a riqueza de um ser humano: “O senhor Pedro Dini foi um grande Homem. A bondade em pessoa”. Fabiana César em suas palavras sábias lembrou à amiga Sonia: “Que homem admirável foi o seu pai Pedro. Ele deixou a herança de uma grande sabedoria para conduzir a coisa mais importante do mundo, a família! E vocês honraram isso! Que lindo”.
Fernando Dini destacou o seu avô que o inspirou à vida pública: “ele foi um grande homem e meu grande exemplo de vida. Estaria fazendo 100 anos de idade e de exemplo de vida. Meu avô Pedro me ensinou tudo o que sei e deixou bem asfaltado o caminho da integridade, do caráter e da responsabilidade que eu deveria seguir durante toda a minha vida. Sinto a sua falta entre nós e saudade de você, meu querido avô”.
A casa do Pedro Dini era tão aberta aos amigos e vizinhos que até hoje as pessoas se lembram das peraltices, como o Milton Sanches contou que os filhos do Pedro, Luciano e Pedrinho desciam as escadarias ensaboadas nos dias de limpeza da loja, escorregando nos degraus como um tobogã.
Pedro Dini nasceu em Cerqueira Cesar. Morou e construiu sua vida em Sorocaba. Durante a Segunda Guerra Mundial prestou o serviço militar na função de sargento, chamado de “furriel”, na 2ª Companhia do 4º Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro. Foi homenageado pelo Conselho Nacional da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil e pela Polícia Militar do Estado.
O saudoso Pedro Dini nunca desistiu de viver e, com coragem e determinação, foi um guerreiro nas suas conquistas. Passou pelas dificuldades, enfrentou a guerra e sobreviveu ao passado com o seu futuro construído junto a sua família. Ela permanece acrescentando páginas no seu livro de memórias.
Nos anos 50 Pedro Dini foi membro da diretoria do CDL (Clube dos Diretores Lojistas). Pedro Dini também participou como empresário e rotariano em campanhas de projetos da construção do prédio do SESI, do Tiro de Guerra, da Escola Achilles de Almeida, do Ginásio Octávio Novaes de Carvalho, entre outras obras significativas.
O casal Nina e Pedro plantou sementes em solo fértil e colheu cem por um, como diz o texto bíblico de Matheus.
Vanderlei Testa jornalista e publicitário escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta