Buscar no Cruzeiro

Buscar

Orientação para as mães é mais saúde para seus bebês

11 de Dezembro de 2019 às 00:01

Angelo Carneiro Bonadio e Raquel Aparecida de Oliveira

O período neonatal -- que compreende desde o nascimento até o 28º dia de vida -- é repleto de dúvidas e ansiedade por parte dos pais. Nem sempre a experiência prévia é suficiente para diminuir tais angústias. Com certa frequência, as crianças são conduzidas às unidades de pronto-atendimento para que sejam solucionadas questões simples. Essa prática pode tranquilizar os pais, porém, é prejudicial ao recém-nascido, o qual fica exposto a um ambiente com alta circulação de microrganismos, que podem levá-lo a adoecer.

Quando nos atentamos à fragilidade imunológica (própria desta idade) e para o fato de que a cobertura vacinal ainda se encontra em estágio inicial, fica claro que esta atitude pode trazer riscos ao neonato.

Com o objetivo de encontrar formas de diminuir o fluxo de atendimento de recém-nascidos em unidades de urgência, foi elaborado um projeto de intervenção educativa na Maternidade Municipal de Salto de Pirapora. Primeiramente, foi feita uma entrevista individual com as mães, enquanto estas ainda estavam internadas. Levantaram-se as dúvidas e ansiedades sobre os principais problemas de saúde que poderiam acometer seus filhos no período neonatal.

Em sequência, realizou-se a intervenção educativa na maternidade, abordando quando existe a necessidade de levar o recém-nascido à unidade de emergência. Esta intervenção utilizou uma metodologia que se faz de modo dialogado, valorizando os conhecimentos prévios e as dúvidas dos participantes, envolvendo-os na discussão.

As mães, em consenso, estabeleciam o que seria apropriado em cada uma das situações levantadas na entrevista individual. Caso o conceito formado estivesse equivocado, o pediatra fazia as orientações apropriadas. Essa metodologia facilita a interação das pessoas e a atenção às informações. Dessa forma, há maior aproveitamento da compreensão e fixação do conteúdo aprendido. Ao término da atividade, foi oferecido um folheto educativo com os principais tópicos abordados.

O projeto teve boa aceitação, sendo considerado positivo por todas as mães envolvidas. Entre as intercorrências referidas pelas mães, 86,11% foram conduzidas na residência, sem necessidade de levar o neonato à unidade de urgência. Ao comparar o período de intervenção com dados dos dois anos anteriores, a análise aponta que a intervenção teve relevância significativa para diminuir o fluxo na unidade de urgência. A porcentagem de quem procurou o serviço de urgência nos anos anteriores à intervenção foi de 33,63%. Após a atividade, este número diminuiu para 12,68%.

Este trabalho serve de modelo para a implantação de projetos semelhantes em outras instituições. Sua implantação demonstrou ser prática e pouco onerosa. O investimento na impressão do folheto educativo, elaborado para este projeto e disponibilizado pelo pesquisador gratuitamente para a comunidade, traz grande retorno econômico e social. Para cada real investido no projeto, o retorno foi de R$ 14,29 em economia ao sistema público de saúde. Se esses dados forem transpostos à esfera federal, tomando como base o ano de 2018, haveria a economia de R$ 29.435.641,38 ao sistema de saúde local.

As orientações podem ser acessadas no YouTube: bit.ly/OrientacaoMaesBebes

Professor-doutor Angelo Carneiro Bonadio é Mestre em Educação das Profissões da Saúde pelo Programa de Estudos Pós-Graduados da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, campus Sorocaba; pediatra; chefe-coordenador da equipe de Pediatria da Maternidade Municipal de Salto de Pirapora e do Hospital Santo Antônio, de Votorantim.

Professora-doutora Raquel Aparecida de Oliveira é Professora-doutora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, campus Sorocaba; vice-coordenadora do Programa de Estudos Pós-Graduados/Mestrado Profissional “Educação nas Profissões da Saúde” da PUC-SP e orientadora da pesquisa.