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O teatro, o cinema e as aulas em universidades

01 de Maio de 2020 às 00:01

Antonio Martins

Em tempos de isolamento social as atividades de ensino tiveram que passar para o ambiente virtual. As escolas e universidades suspenderam as aulas presenciais e estão buscando alternativas no mundo digital para manterem o processo formal de ensino e aprendizagem.

Como representado no afresco “Escola de Atenas” pintado por Rafael, desde os gregos o processo de criação, transmissão e assimilação do conhecimento requer a interação das pessoas, a demonstração de ideias, a reflexão crítica e o debate qualificado.

Com a invenção da máquina de impressão por volta de 1430 por Gutenberg, a produção de material em papel deixou de ser uma tarefa árdua e lenta e permitiu a ampla disponibilização de informações. No entanto, o livro de mais fácil acesso não substituiu a escola, mas, de outra forma, passou a contribuir em muito para os estudos realizados principalmente nas universidades, possibilitando o acesso a textos importantes e a geração de novos livros.

Já no início do século passado com a maior facilidade e rapidez dos transportes de materiais no Brasil, sugiram diversos cursos por correspondência, inicialmente por meio de guias de estudos e outros impressos e depois pelo envio de fitas de áudio e vídeo. Muitas pessoas aprenderam eletrônica por meio de materiais e kits enviados pelo correio. Em seguida, a difusão da televisão pelo território nacional levou ao surgimento dos chamados telecursos que possibilitaram os estudos de forma remota.

Com o surgimento da Internet no final do século passado, não era difícil se esperar que cursos on line fossem disponibilizados. Com o aumento das velocidades de acesso e a grande popularização de aparelhos móveis, estes cursos se multiplicaram rapidamente.

Atualmente os cursos de Educação a Distância (EaD) requerem equipes não só de professores para coordenarem o processo de ensino e aprendizagem mas também de pessoal de produção de conteúdos digitais de qualidade e de interfaces de interação, além do fundamental apoio de tutores e facilitadores.

Deve-se notar que grandes e conceituadas universidades ao redor do mundo possuem sistemas de cursos on line para a ampla divulgação do conhecimento, mas seus alunos continuam a ter aulas em salas com professores e o auxílio de monitores de forma presencial.

O ensino nas Universidades não é de forma alguma estático. Se antes as aulas eram baseadas em palestras e demonstrações em quadros negros, hoje se dá grande importância para a inclusão de novas tecnologias e para metodologias centradas no aluno.

Nota-se que todas as formas de se implementar o processo de ensino e aprendizagem tem suas particulares e, ao terem foco na qualidade, devem ser necessariamente alicerçados em projetos e planejamentos específicos para que não se tenha apenas a entrega de um diploma.

O teatro é outra atividade humana que tem como grande referência a Grécia antiga, sendo uma expressão cultural que atravessou os séculos. Mas deve-se imaginar que quando os irmãos Lumière mostraram para o mundo a possibilidade de se apresentar um filme para grandes plateias em diversos locais ao mesmo tempo, alguns advogaram que o teatro teria os dias contados. No entanto, são formas de expressão cultural e social com caraterísticas próprias e necessidades distintas, inclusive de equipes de produção, embora em ambas os atores e diretores tenham papel fundamental.

Assim como o teatro e o cinema convivem harmoniosamente devido as suas características, o EaD e o ensino presencial nas universidades também seguirão este caminho, cada um com suas particularidades e projetos específicos, ocorrendo interações que possam contribuir para o aprimoramento contínuo de ambos.

Antonio Martins é docente da UNESP no Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba desde 2004.