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O sonho da menina Lívia

19 de Novembro de 2019 às 00:01

O sonho da menina Lívia Crédito da foto: Banco de Imagens da VT

Vanderlei Testa

Os jovens determinados em vencer na vida superam obstáculos e seguem seu rumo de conquistas quando colocam a paixão no que fazem. Essa realidade está no livro “Storytelling” (Contador de histórias) do autor Carmine Gallo. Ele relata depoimentos de dezenas de pessoas que são verdadeiras lendas, como Steve Jobs, Papa Francisco, Churchill, Oprah, Bill Gates.

Ler essa obra que me foi cedida pelo professor e consultor, o amigo Edélcio Fochi, deu a motivação para escrever este artigo. Fui buscar em uma jovem promissora de Sorocaba, nascida em Tatuí, a inspiração que senti em conhecer a garra e persistência da Lívia Sottovia.

Acredito que qualquer empresa com ela na sua equipe ganharia, além do seu conhecimento, uma arrojada visionária do futuro na área ambiental. Em um encontro realizado em maio deste ano com a turma da Faculdade de Administração, que celebrou 46 anos em uma pizzaria, a Lívia acompanhou o seu pai Luiz Vanni Sottovia, um dos integrantes da nossa turma.

Conversamos sobre a vocação da filha em pesquisa ambiental, segmento que o mundo clama por estudiosos na preservação da vida e da natureza. E daí foi surgindo no pensamento como tornar a Lívia conhecida por tanto talento adquirido. Ela nasceu em 1988.

É formada em Engenharia Ambiental, mestrado em Engenharia Civil e Ambiental e doutorado em Ciência e Tecnologia de Materiais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Menina inteligente e curiosa, viveu em Tatuí os seus 19 anos até se mudar para Sorocaba e ingressar na universidade. Sua infância foi focada em olhar e meditar sobre as plantas que a mãe Liseti Menezes Sottovia mantinha no quintal.

Sua cidade natal tinha muitas plantações e uma arborização em praças e jardins que atraia a garota Lívia em suas brincadeiras. Sonhando com suas bonecas Barbie ao lado da cama, depois de passar horas montando as peças de seu Lego, a filha do Luiz e da Lisete chamava a atenção por sua maturidade em buscar entender as coisas.

Junto com sua melhor amiguinha Glaucia, evitando os priminhos “mandões” nas brincadeiras masculinas, a Lívia se realizava com a delicadeza das flores e sementes que cresciam nos vasos das folhagens. Perto da sua casa havia também um parquinho do Clube XI de Agosto, preenchendo as naturais aptidões das meninas em brincar com escorregadores e balanços, aproveitando para curtir a natureza.

Quando sozinha, sempre ficava no silêncio e, no olhar fixo à sua frente, que é uma característica dela em amar o desconhecido e sonhar que um dia seria pesquisadora. Essa visão adquirida por sua alma que pulsava o seu coração ao se imaginar estudando na fase adulta, hoje é uma realidade meritória como uma das promissoras pesquisadoras do Brasil.

Lívia na sua adolescência ficava fascinada quando ouvia alguma pessoa contar em reportagens da televisão e nos cursos ginasial e colegial sobre a descoberta de novas ciências através da natureza. E sempre vinha na sua mente, como poderia ser uma estudiosa na busca da ciência em prol das pessoas. O ser humano era o foco, o estudo o instrumento. O trabalho, a consequência.

Chegou à adolescência com maturidade de voar. Na mesa da cozinha depois de lanchar com os pais e do costumeiro bate papo com eles aprendendo de suas experiências, Lívia falou do seu interesse em prestar concurso na Unesp.

Apoiada na sua decisão recebeu total apoio para tornar realidade o desejo profissional que já tinha “brotado” na infância. Os pais “corujas” orgulhosos não mediram sacrifícios para viabilizar esse sonho, pois tinham certeza do futuro da filha.

O tempo passou, foi aprovada no vestibular classificatório entre centenas de concorrentes e assumiu como aluna exemplar o curso de engenharia ambiental. Dia após dia, a jovem com seus 19 anos viveu a glória nos laboratórios de pesquisa, nas aulas com os professores, nos trabalhos em grupos e experiências. Sorocaba passou a ser a sua cidade do coração.

Incrível como os vencedores superam o convencional. Voltando ao livro citado no começo do artigo, conta o autor que Bill Gattes em 15 de janeiro de 2015 tomou um copo de água e a mídia ficou alvoroçada.

É que nesse dia Gattes quis ser a primeira pessoa passando pela experiência de beber um copo de água tratada em laboratório, depois que passou por canos de esgotos. Um processo de pesquisa que converteu o resultado da água de vasos sanitários em água pura. A ousadia não tem limites aos vencedores.

Lívia também é assim. Acredita que a natureza precisa ser preservada, aproveitando de tudo que a criação divina proporciona ao ser humano. Ela não se intima com o “não é possível”. Acredita na frase: é possível. E assim, concluiu com brilhantismo a faculdade e foi para o curso de pós-graduação em Engenharia Ambiental aperfeiçoar seus estudos e pesquisas. Mais uma etapa vencida.

Sabia que precisava de mais conhecimento e o doutorado e mestrado se complementariam como a chuva que cai nas plantações, irrigando o crescimento. A sua água era o conhecimento.

E a Lívia cresceu para ser atualmente e provisoriamente uma das professoras em uma universidade particular de Sorocaba, enquanto aguarda uma chance de vaga de consultora em empresa ou organização de preservação ambiental. Seu currículo e sua história de vida garantem a presença de uma talentosa brasileira.

Enquanto isso, a Lívia escuta suas músicas preferidas, cozinha, toca o seu piano com o ritmo do jazz que embala momentos de alegria em família.

Vanderlei Testa é jornalista e publicitário e escreve quinzenalmente no Jornal Cruzeiro do Sul e, aos sábados, no www.facebook.com/artigosdovanderleitesta