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O papel do Brasil no mundo que se avizinha

11 de Janeiro de 2020 às 00:03

Julio Serson

Crise dramática na Venezuela, que se arrasta por anos; acusação de violação de direitos humanos no Chile; denúncia de fraude no processo eleitoral da Bolívia, com a renúncia de Evo Morales; cortes no subsídio dos combustíveis no Equador; dissolução do Congresso no Peru; ressurgimento das Farc na Colômbia; forte crise econômica na Argentina, que desbancou o presidente Macri; e acordo energético no Paraguai.

Um fenômeno de convulsão social que se estabelece no mundo todo, com particular intensidade na América do Sul.

Em comum, a insatisfação generalizada da população com a qualidade de vida, atribuída à má condução econômica por parte de suas lideranças políticas.

De 2013 pra cá, o Brasil experimentou as consequências dessa avalanche insatisfeita. Chegamos aqui divididos, mas não isolados.

Hoje, os vizinhos manifestam-se reforçando a certeza de que estamos distantes dos sonhos tanto do mais ferrenho liberal quanto do mais convicto marxista.

É urgente enfrentar a desigualdade econômica, com distribuição justa da riqueza, ter critério para cortar direitos e investimentos sociais, principalmente em áreas fundamentais e sensíveis ao cidadão, como saúde e educação.

Assim como é fundamental que o Brasil não tome lado, é imprescindível que não nos ausentemos das questões mundiais com espírito de solidariedade e de justiça.

O Mercosul, por exemplo, é muito mais que um bloco comercial, não pode ser tratado como um tabuleiro no qual as peças-chaves são mantidas ou tiradas a partir da conveniência de seus jogadores.

Ouvi de um filósofo espanhol que nada estava mais distante da vontade popular do que as ações de seus governantes. Ele falava de um vácuo, que necessariamente distanciava a classe política da população.

As mortes, depredações e violência às quais assistimos nos últimos tempos têm sustentação nessa distância que cresce junto e, em consequência, da insatisfação popular. Um caos anunciado.

Aproximar as ações políticas das reais necessidades da sociedade, e em pleno diálogo com ela, tem sido a base do pensamento do governo do Estado de São Paulo.

Para muito além do compromisso de estabelecer uma gestão moderna, o governo está empenhado na redução da pobreza, na geração de emprego, no fortalecimento da educação, na garantia de serviços públicos de qualidade e no investimento em pesquisa, tecnologia e inovação que promovam saúde para todos.

É certo que a solução não está nos gabinetes, mas é preciso articulação política, com estratégia, para a retomada da economia que atenda e contemple as demandas do cidadão.

Em 2017, foi garantida uma importante reforma trabalhista. Aprovamos recentemente a previdenciária e estamos no caminho para a realização das reformas administrativa e tributária.

Todas são fundamentais para a construção deste país que almeja a sociedade, mas que devem ser entendidas como ponto de partida, não de chegada.

A verdadeira conquista se dará pela sagração de um modelo inclusivo, justo, sustentável e de igual oportunidade para todos.

Julio Serson é secretário de Relações Internacionais do Estado de São Paulo