Buscar no Cruzeiro

Buscar

O milagre das malas casamenteiras

10 de Novembro de 2020 às 00:01

O milagre das malas casamenteiras Crédito da foto: Arte Camila Testa

Vanderlei Testa

A história de vida da Anna Maria Pinheiro Prouvot e do Wellington Aquino Sarmento daria um belo filme e livro de romance para ser lido à sombra de uma mangueira. Em um final de semana eu estava com este casal de amigos no Pontão, Parque Ecológico ao lado do Lago Paranoá, em Brasília. A Anna e Wellington têm um romance de amor planejado pela providência divina. A história-encontro do Wellington, nas Laranjeiras, RJ, começou em sete de fevereiro de 1964. O da Anna, em Ipanema, Rio de Janeiro, no mesmo dia, onde ela morava. Os anjos da guarda, a pedido de Nossa Senhora, como contou o Wellington, tramaram tudo. Um amigo, vizinho do Wellington, pediu o empréstimo de mala para viajar e perguntou onde ele iria passar o carnaval. Ele, sempre gentil, escolheu sua melhor mala, atendeu ao pedido e respondeu que não tinha nada programado para o carnaval. Acabou aceitando o convite do amigo, indo junto no passeio da família no hotel Fazenda Villa Forte. Quem diria que essa viagem mudaria para sempre a vida do Wellington.

Até esse dia ele desconhecia a Anna, uma jovem que fez brilhar os seus olhos de mocinho apaixonado. Lá em Ipanema, a Anna no mesmo dia também recebeu um pedido de empréstimo de mala para uma tia. E um convite para ir com a tia e família em um hotel fazenda, chamado Villa Forte. A providência vinha daí, pois coincidentemente a Anna e o Wellington sem se conhecerem estavam no mesmo lugar. Foi durante o jantar que tudo começou. As duas famílias eram amigas e sentaram-se na mesma mesa. Durante a refeição não houve nenhum contato de conversa entre os dois. Mas, um doce de leite mudou a história. Em um gesto de delicadeza, o jovem Wellington ofereceu sua sobremesa, um doce de leite à mocinha Anna, a única que tinha ficado sem essa iguaria mineira. Além do docinho, interiormente entregou junto o palpitar do seu coração batendo mais forte. Nascia ali num simples ato de educação, de olhar e de paixão, uma história que perdura. Foram três anos de namoro, um ano de noivado e já 52 anos de casados. O hotel fazenda e as malas casamenteiras ficaram na história.

A Anna é filha de Carmem Eloisa e Lucien Marie Victor Elie Prouvot, que a levaram até o altar no dia 2 de fevereiro de 1968, na Igreja Margarida Maria Alacoque, para a celebração do sacramento do matrimônio presidida pelo padre Sotero.

Fiquei horas proseando os fatos da vida pessoal, profissional e de família no Solar das Andorinhas, em Brasília, onde eles moram há 38 anos. Dei esse nome em homenagem à quantidade de pássaros que a todo o momento voavam sobre o imenso jardim e terraço da casa encantada de Anna e Wellington. Cada pessoa escolhe seu roteiro ou estilo do filme da vida. Neste caso, com certeza foi um estilo romance Romeu e Julieta. Certamente os capítulos dos adolescentes Anna e Wellington serão lembrados pelos seus filhos Willian, Vivianne e Wellington Junior. Desde a primeira vez em sua aconchegante casa sentimos o calor humano da acolhida familiar. Eles são membros das Equipes de Nossa Senhora desde 1992. Anna gosta de cuidar das plantas e pintura de óleo sobre tela. O Wellington de marcenaria e pintar os seus quadros apreciando as andorinhas e o lago Paranoá. Apreciando a corrida feliz pelo jardim da casa do cãozinho Hucker, do saboroso suco de frutas e do sol que iluminava a paisagem, pude sentir a inspiração de escrever este artigo como mais um capítulo a ser inserido no livro de amor de Anna e Wellington.

Wellington de Aquino Sarmento recebeu este nome de seus pais Dínah Aquino Sarmento e Alfredo Sarmento. Um bebê com o dom do Espírito Santo assumido no sacramento no Batismo e que o conduziu à sua infância e à primeira Eucaristia. Na Juventude, Wellington trouxe consigo a vontade de ser um cristão em fazer o bem. Foi um aluno aplicado nas escolas que participou, até chegar à universidade. Sua responsabilidade para com os estudos o fez um engenheiro. A vocação para ser um expert em ferrovias e transportes, conduziu o Wellington a participar de trabalhos como a implantação do Metrô do Rio de Janeiro. Seguiu uma carreira de sucesso. Sua experiência em mobilidade o levou a ser o responsável por toda a estratégia de transportes no 12º Encontro Internacional das Equipes de N. S., realizado em Brasília para milhares de pessoas dos 70 países participantes.

Admirador da natureza, o casal valoriza a preservação ambiental e testemunha na própria casa os cuidados com o jardim. As flores preferidas do Wellington são a alamanda amarelas e gerânio. A Anna gosta de orquídea. E sempre que elas florescem já sabem o seu destino. Nas mãos da amada Anna.

Wellington Sarmento, diretor de um dos mais prestigiados órgãos de mobilidade do governo federal e do Instituto Nacional de Pesquisas Ferroviárias (INPF), contribuiu para o Planejamento Estratégico de Logística de Transportes do Brasil. É formado em engenharia pela PUC do Rio de Janeiro. Tem sua experiência em estágios na França, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e Japão. Sua experiência de mais de 50 anos em transporte ferroviário o capacita a ser um dos mais brilhantes engenheiros do Brasil nesse segmento. O seu vasto currículo e experiência profissional, reconhecidos internacionalmente, o capacitam a estar no topo empresarial. Porém, ele se mantém uma pessoa simples e acolhedora. O casal Anna e Wellington, em breve também avós de gêmeos, são exemplos de seres humanos que enaltecem o dom maior da vida cristã: o amor familiar.

Vanderlei Testa, jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta