O advogado Ivo Gambaro valoriza a família em 1º lugar
Crédito da foto: Arte / Montagem: VT
Vanderlei Testa
O menino Ivo Gambaro nasceu no dia 4 de outubro de 1940 na rua dos Morros. Sua casa era compartilhada pelos avós e seus tios Vitório e Elzira e familiares. Fazia divisa no quintal com um terreno na rua Quinzinho de Barros. Seus pais, Clarinha e Antônio (Toninho), eram parte integrante da minha família. A Clarinha, uma das irmãs do meu pai. Eu frequentava esse casarão dos Gambaro até que o tio Toninho resolveu construir a sua casa naquele terreno com frente para a rua Quinzinho de Barros. Foi lá que tiveram seus filhos Rui Antônio, Ari Sérgio, Léa e Ana Maria. A Ana ainda mora na mesma casa. O Ivo é da geração do meu saudoso irmão Darci. Eles saiam juntos nos finais de semana para passear no footing da praça Ceronel Fernando Prestes. Quando garoto em idade escolar o Ivo cursou o primário no “Senador Vergueiro”. A antiga escola era onde atualmente existe o Ginásio de Esportes, na rua Duarte da Costa, Além Ponte. Posteriormente o Ivo estudou o ginasial no “Achilles de Almeida”, em prédio atrás da Igreja do Bom Jesus. Essa escola preparou a segunda fase dos seus estudos.
Ele seguiu os passos do seu pai no trabalho. Desde jovem foi ser balconista na Livraria Gutierres da rua Dr. Braguinha, centro da cidade. O pai gerenciava esse comércio histórico de Sorocaba, que lançou os cadernos “Sorocaba Ensina” seguindo a sua sugestão da marca. No atendimento aos clientes, Ivo se destacava por sua curiosidade em propor leituras de livros e catálogos com biografias dos autores. Os seus conhecimentos iriam ajudá-lo futuramente para ingressar na Faculdade de Direito (Fadi), inaugurada em 1957.
Em sua trajetória escolar constou também o “Anchieta”, na rua da Penha, e a Organização Sorocabana de Ensino, na esquina da rua Benedito Pires. Para ir até lá, usava o bonde, cujo motorneiro era o seu tio Félix Gambaro. O bonde passava ao lado de sua casa na atual rua Cel. Nogueira Padilha. Sua mãe, Clarinha, que na certidão de nascimento é Chiara, em italiano, cuidava de todos os cinco filhos com muita dedicação. Ela faleceu em 2020 com 99 anos e deixou uma família unida como pedia diariamente em suas orações.
Sempre que a visitava, ouvia dela como amava os filhos, netos e bisnetos. O tio Toninho, ainda recordo do dia quando ele partiu, há mais de 55 anos. Todos os sábados ele passava em casa com o seu carro azul, um dos poucos em Sorocaba na década de 50. A irmã do Ivo, Ana Maria, tinha três anos de idade quando perdeu o pai e isso me marcou por estar presente no velório. Com a responsabilidade de criar a filha Ana ainda criança e os demais filhos, Clarinha foi uma guerreira no sustento do lar e manifestação de fé e segurança na vida. Nas suas palavras, entendo hoje que ensinou um comportamento ético, responsável e humano a todos os familiares.
O objetivo da busca da vocação para a advocacia do Ivo Gambaro surgiu em conversa com os amigos Ari e Cláudio que estavam estudando Direito na cidade de Bauru. As dificuldades de frequentar a faculdade distante de Sorocaba fez com que o Ivo assumisse uma importante decisão. Era o mês de dezembro e os vestibulares seriam realizados em fevereiro na Faculdade de Ciências e Letras, bairro Trujillo. Determinado na busca de uma das 40 vagas disponíveis para 150 candidatos o Ivo estudou e pesquisou durante o pouco tempo que tinha disponível. Lembrando que as provas eram realizadas escritas e orais e tinha idiomas difíceis na época, como o Latim. A banca de examinadores assustava os vestibulandos, pois era formada por renomados professores de Sorocaba.
Sem as expectativas normais de quem se preparou em cursinhos durante um ano sob as orientações do professor Galduróz que tinha o único cursinho para Direito, Ivo Gambaro acreditou que podia arriscar. Com fé e confiança nos seus conhecimentos foi aprovado em 23º lugar em 1965. A primeira Congregação da Faculdade de Direito era composta pelos professores Alexandre Augusto de Castro Corrêa, Darcy de Arruda Miranda, Edgard Magalhães Noronha, Fábio Monteiro de Barros, Geraldo Gomes Corrêa, Gualberto Moreira, Hélio Rosa Baldy, José Pereira Cardoso, Luiz Marcelo M. Azevedo e Ruy Rebello Pinho.
Retornando aos passeios do Ivo no footing da praça central. Foi numa dessas voltas andando em frente ao Clube União Recreativo e Sorocaba Clube que a beleza da mocinha e futura namorada Maria do Carmo encantaram os seus olhos. Brilhou e pulsou forte o seu coração. A jovem Carmo sorriu e conquistou o amor do Ivo. Já se passaram mais de 55 anos daquele dia e são casados e felizes com os netos e três filhos: Ivo Antônio, Maria Regina e José Marcos. Em sua chácara, Maria do Carmo e Ivo reúnem sempre a família para celebrar o dom da vida. Considerado um companheiro rotariano de vanguarda, há décadas no seu Clube Sorocaba-Sul, e como advogado há 55 anos, o Ivo Gambaro tem manifestado o valor da ética e respeito à família como a sua bandeira de vida. Posso afirmar que o seu testemunho profissional, pessoal e familiar ilumina os ambientes que frequenta.
Meus pais contavam que o Ivo, quando menino, todos os domingos após participar das missas na Igreja Bom Jesus, tinha como rotina passar na casa deles para vê-los. Ele sempre amou meus pais e, nas nossas conversas até hoje, relembra esse fato em carinho fraterno da sua infância. Um presente entregue ao Ivo, feito artesanalmente por meu pai na fundição artesanal que mantinha no quintal de casa, foi uma miniatura de charrete de alumínio. Basta entrar em seu escritório para vê-la em destaque na mesa da sala de trabalho de advocacia.
E como diz o título deste artigo, “é por meio da família que aprendemos os primeiros valores que nos seguirão por toda a vida... Pois é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol”. (Eclesiastes 9:9)
Vanderlei Testa é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta