Buscar no Cruzeiro

Buscar

Melhor... idade, envelhecendo com saúde (parte 1)

14 de Novembro de 2019 às 00:01

Tulio Pereira Cardoso

Segundo o estatuto do idoso, é considerado idoso quem tem mais de 60 anos.

Dados do Ministério da Saúde, publicados no Jornal da USP de junho de 2018, demonstram que o Brasil tem a quinta maior população idosa do mundo e em 2030 o número de idosos será maior que o total de crianças até 14 anos de idade. Estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de julho de 2018, calcula uma população de 208,4 milhões de habitantes no Brasil dos quais mais de 30 milhões são idosos.

O envelhecimento pode trazer alguns problemas de saúde, com limitações na vida do idoso e consequente aumento do custo no atendimento médico e hospitalar. Isso representa um enorme desafio para a saúde pública. Devemos todos reunir esforços para termos uma população de idosos mais saudável e isso passa não só por políticas de saúde, educação e ações sociais, como pela conscientização individual da população.

Mas como podemos envelhecer com saúde. Primeiro chegar lá bem. Segundo continuar bem. Envelhecer com saúde e boa qualidade de vida depende de uma série de fatores. A herança genética é um dos mais importantes. Há alguns anos, a Google desenvolve um projeto audacioso chamado CALICO Califórnia Life Company, investindo milhões de dólares em pesquisa genética acreditando que o DNA de algumas células contém um código de vida para sempre.

Além da herança genética a manutenção de bons hábitos de vida como dormir bem, não fumar, ingerir bebidas alcoólicas com bastante moderação, ter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente, são os fatores que podemos controlar. Outro fator importante é manter vida social ativa e se possível trabalhando.

A alimentação deve observar a ingestão adequada de proteínas, carboidratos e gorduras não só na proporção, mas também na quantidade, qualidade e diversidade. Devemos evitar dietas radicais, milagrosas e modismos.

Hipócrates de Cós, 460-355 a.C, conhecido como o Pai da Medicina afirmou “que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”. A suplementação dietética, principalmente com vitaminas só deve ser prescrita por médicos ou nutricionistas e não seguir a influência da mídia. Hipervitaminoses podem causar, em alguns casos, problemas mais sérios do que a falta de vitaminas.

Nos últimos anos parece ter ocorrido uma verdadeira epidemia de falta de vitamina D. Mas a ação dessa vitamina no organismo só é efetiva se associada à exposição moderada à luminosidade da luz solar matinal.

Bons hábitos de higiene pessoal como banhos, boa higiene bucal com regular escovação dos dentes, corte e limpeza das unhas, dentre outras medidas, são muito importantes. Da mesma forma, a higiene da moradia e ambiente de trabalho são fundamentais na promoção e manutenção de boa saúde. O manuseio e descarte de resíduos ou lixo faz parte desses hábitos.

Consultar médico geriatra (do grego Geron = velho, idoso e Iatros = médico, aquele que cura) é de suma importância. Além de detectar os primeiros sintomas das “doenças da velhice” é quem pode orientar a prevenção destas.

O hábito de beber água é indispensável. Tendemos a beber menos água com o passar dos anos e isso é bastante prejudicial para o funcionamento do nosso organismo. Um recém-nascido tem aproximadamente 90% do seu peso em água, enquanto um idoso tem 25%. Quanto mais velho mais enxuto, e isso não é bom. O funcionamento harmônico de células e órgãos depende dessa água.

Sem estimular o alcoolismo lembro que registros históricos, datados há mais de 2.000 anos, fazem menção ao vinho para uso medicinal. Frase atribuída ao filósofo e matemático grego Platão (427-347 a.C) “Moderadamente bebido o vinho é medicamento que rejuvenesce os velhos, cura os enfermos, enaltece os pobres e diminui o amargor da velhice” -- refere-se aos benefícios do uso moderado. É sabido que a ingestão diária em torno de 200 ml de vinho tinto reduz o colesterol ruim e eleva o bom. Também nessa dosagem parece haver uma diminuição na ocorrência de infarto do miocárdio, derrames ou AVCs e tromboses, além de melhorar a qualidade do sono.

Estudos realizados na Universidade Georgetown nos Estados Unidos sugerem que a ação antioxidante do resveratrol e flavonoides parece preservar a capacidade cognitiva do cérebro diminuindo o risco de demência senil e Alzheimer.

Prática regular de exercícios moderados sob orientação profissional é muito importante na prevenção de doenças e na manutenção de boa qualidade de vida. Uma caminhada de 30 a 40 minutos três vezes por semana é muito salutar. Procure alongar antes e depois e pratique exercícios de pouco impacto como hidroginástica, pilates e musculação. Não confundir musculação com fisiculturismo. Trabalhar dentro de zona de conforto respeitando quantidade de peso e o número de repetições e de séries.

Dançar recreativamente estimulando o companheirismo e a alegria de viver é um excelente exercício. Ter atitude positiva agradecendo ter chegado à “velhice” e aproveitando essa oportunidade certamente o fará mais feliz.

Enquanto alguns reclamam da vida, outros estão lutando por ela. Segundo Lúcio Aneu Sêneca (4 a.C - 65 d.C.) escritor, advogado e filósofo do Império Romano “O homem vive preocupado em viver muito e não em viver bem, quando na realidade não depende dele o viver muito, mas sim o viver bem”.

Dr. Tulio Pereira Cardoso tem Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e é Coordenador da Preceptoria de Ortopedia do Hospital Santa Lucinda de Sorocaba.