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‘Meia noite em Paris’ no Cine Reflexão da Fundec

28 de Junho de 2019 às 00:01

‘Meia noite em Paris’ no Cine Reflexão da Fundec A sedutora Adriana, amante de vários artistas, apaixona-se por Gil. Crédito da foto: Divulgação

Na semana passada publiquei nesta coluna o artigo “Paris, os loucos anos vinte” que tinha por objetivo apresentar uma ideia geral da efervescência cultural que tomou conta de Paris na década de 1920.

O filme “Meia noite em Paris” começa na época atual. Um casal de noivos, Gil e Inez, viaja de férias para Paris. Eles estão acompanhando os pais da jovem: a mãe, uma “socialite” com todos os maneirismos da categoria e o pai, um partidário da direita do Partido Republicano dos Estados Unidos, que diz que Gil é “comunista”.

Inez gosta de fazer compras pela cidade e, nas visitas aos museus, emite opiniões padronizadas de turistas que procuram exibir seu patrimônio cultural. Gil, por outro lado, é roteirista de sucesso de filmes de Hollywood e almeja escrever um romance que seja de qualidade capaz de igualá-lo à obra de grandes artistas. Fascinado pela “Cidade Luz”, Gil faz passeios noturnos durante os quais fica imaginando as lendas do mundo das artes que poderia ter encontrado caso tivesse vivido na década de 1920.

O filme se trata exatamente disso: ele vai se integrando ao mundo artístico da época e participa dele como um personagem qualquer: assiste aos shows de Cole Porter e Josephine Baker, Hemingway lhe dá conselhos sobre como escrever; sugere a Buñuel que faça um filme em que os personagens estão em uma sala aberta, mas não conseguem sair do local (que seria “O anjo exterminador”, que Buñuel dirigiria em 1962); Adriana, a amante de Picasso e de vários outros artistas, apaixona-se por ele. E por aí vai.

O filme é bem claro na caracterização das personagens da cultura do século 20 que habitavam em Paris e, com isso, torna-se didático como veículo de ampliação de conhecimentos sobre a obra e a vida dos grandes artistas citados. Em 18/06/2011, o colunista Joseph Berger publicou no jornal The New York Times o artigo ‘Decodificando Meia noite em Paris”, disponível na Internet, e que objetivava ajudar o espectador do filme a enriquecer seus conhecimentos sobre aqueles intelectuais É um artigo muito interessante, mas sua leitura não é obrigatória ou necessária para usufruir do filme e acompanhá-lo com interesse. Digo isto porque, mesmo o espectador que não conheça os artistas presentes no filme ou não esteja familiarizado com suas vidas íntimas, se deliciará assistindo a passagens da vida pessoas tão inteligentes e fascinantes.

Mas o filme também trata de relacionamento de casais com a profundidade costumeira com que Woody Allen aborda o tema. A diferença de classes sociais de Gil e Inez -- ela filha de pais ricos, superficial, consumista, que gosta de dançar e que ridiculariza as ambições de Gil como escritor, ele um jovem simples que é animado pelas artes e não pelos bens materiais. Evidentemente, os pais de Inez não veem com bons olhos o relacionamento da filha com alguém com limitadas ambições financeiras; e pai e filha não gostam e não compreendem a sensibilidade de Gil que o leva às saídas noturnas por Paris.

Serviço

Cine Reflexão

“Meia noite em Paris”, de Woody Allen

Hoje, às 19h

Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)

Entrada gratuita