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Maturidade política para um pacto pelo Brasil

17 de Outubro de 2018 às 09:10

Com as eleições, em segundo turno, se aproximando teremos a vitória de um dos lados da polarização que está sendo construída em nosso país. Com início nos movimentos de 2013 e potencializada pela descoberta de inúmeros atos de corrupção, com valores nunca vistos, o próximo presidente encontrará um país dividido.

A falta de confiança, o enorme déficit fiscal e a dificuldade econômica, que a população brasileira está vivendo, é muito grande e está demorando demais para passar. O número de empresas insolventes e famílias endividadas ainda está aumentando, e é preciso um pacto, pelo Brasil, para reverter essa situação imediatamente.

O atual presidente buscou construir essa união e não conseguiu, mas o próximo presidente precisa dessa união e do apoio de todos em prol de um país governável e capaz de sair desta cilada em que nos encontramos.

Os pontos básicos e mínimos, para uma recuperação econômica, todos sabem e vão enfrentar antes mesmo da posse, em 2019. As reformas da previdência e do Estado, fundamentais para um ajuste fiscal capaz de trazer de volta o nosso potencial, deverão fazer parte das primeiras ações do próximo presidente.

Seria muito bem visto que um dos candidatos estendesse as mãos sinalizando o apoio, em caso de derrota, desta agenda mínima necessária e, ao mesmo tempo, pedisse o apoio em caso de vitória.

O novo presidente do STF tem sinalizado interesse na possibilidade de um pacto, entre os três poderes, para que tenhamos capacidade de sair desta situação que está insustentável.

A união, para enfrentarmos os problemas, é cada vez mais necessária, não podemos mais ter um grupo político favorável, a determinados assuntos, apenas quando está no poder e quando passa para a oposição muda de opinião.

A maturidade política e pensar mais no Brasil já está na hora de fazer parte das decisões de nossos governantes. A esperança, pela enorme renovação que passou nosso parlamento, sinaliza que a população cansou de boa parte dos políticos tradicionais.

Temos todas as condições para construirmos um país forte e influente, globalmente, com capacidade de competir com as grandes economias mundiais, mas precisamos, antes disto, ter solucionados nossos problemas internos e para isso a união política, após as eleições, é fundamental.

Claro que a oposição sempre faz um papel importante e necessário em qualquer governo e em qualquer democracia consolidada. Entretanto, com o crescimento da polarização, a divisão foi instalada em nossa sociedade com, inclusive, uma grande parcela da sociedade descrente e cética em relação ao meio político.

Embora o discurso das duas candidaturas presidenciais seja também polarizado, um ato de grandeza e de estadista seria propor esse pacto pela governabilidade. Muitas vezes desaconselhados pela equipe de comunicação, pelos efeitos negativos que isso possa trazer, que ao menos faça parte de um dos primeiros gestos, pós resultado das eleições, a humildade do vencedor em pedir pelo apoio e a grandeza do derrotado em apoiar.

Muitas das reformas e mudanças fundamentais são emendas constitucionais e para isso a maioria do Congresso é necessária. Mesmo vale para o Poder Judiciário, que deve manter a independência, mas também pregar a união pelo Brasil.

Afinal, nosso sofrido povo brasileiro, independentemente da ideologia partidária ou do ceticismo político, espera e precisa de um novo presidente que tenha a capacidade de trazer um novo ciclo de crescimento econômico e, certamente, só será possível com apoio e união dos governantes e dos brasileiros.

Flavio Amary é presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) e reitor da Universidade Secovi -- [email protected]