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Inteligência artificial e ortopedia (parte 2)

29 de Agosto de 2019 às 00:01

Tulio Pereira Cardoso

Continua o artigo anterior.

Os sistemas de “cirurgia navegada” ou “computer-assisted surgery”, que utilizam computadores e cálculos para cortes ósseos e implante de próteses ortopédicas, são usados há alguns anos.

O ortopedista Max Gordon do Karolinska Institute da Suécia é um dos mais atuantes cientistas estudando os possíveis benefícios da Inteligência Artificial (IA) em cirurgias ortopédicas, como a artroplastia total do quadril, tanto do ponto de vista epidemiológico como de aplicações clínico cirúrgicas.

Em artigo publicado na Acta Orthopaedica, em 2018, define tendência como “uma direção em que algo está se desenvolvendo”. Cita as dificuldades em estabelecer o uso de inovações no ambiente de medicina baseada em evidências, mas não duvida do sucesso da IA em futuro próximo para beneficio da humanidade.

A tomada de decisão de um computador usando algoritmos(*), por exemplo, no caso de uma fratura complexa, ainda difere da decisão tomada por um ortopedista experiente. Inúmeras variáveis, como qual o osso fraturado, segmento do osso fraturado e envolvimento da articulação, complexidade da fratura -- se exposta ou fechada -- e mais tantas outras, ainda são certamente melhor avaliadas pelo “humano médico” ou se preferir “médico humano”.

No artigo “O papel da Inteligência Artificial na cirurgia ortopédica”, publicado no British Journal of Hospital Medicine em dezembro de 2018, os autores Panchmatia, Visenio e Panch -- que trabalham no Johns Hopkins Hospital e na Harvard University, nos Estados Unidos -- afirmam que médicos devem envolver-se no desenvolvimento de algoritmos de IA para beneficiar ao máximo seus pacientes com inovações que respeitem os desafios éticos para sua implementação.

É muito importante saber discernir entre inovação e novidade. Utilizando filtros de bom senso e rigor científico, cuidar de prosperar boas técnicas benéficas para a toda a humanidade e não apenas para grupos políticos ou com interesse comercial. Medicina é ciência e arte, e deve ser praticada com doses equilibradas. Tecnologia avançada deve melhorar a qualidade de vida de todos os homens e não substituir o Homo sapiens por robôs automatizados ou pior, por médicos robotizados.

(*) definição simplista de Algoritmo: é uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas.

Um exemplo muito bom de algoritmo simples é o “jogo da velha”

Dr. Tulio Pereira Cardoso é médico ortopedista, Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e tem Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.