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Hitler, Nazismo e empresas colaboradoras

21 de Fevereiro de 2020 às 00:01

Hitler, Nazismo e empresas colaboradoras “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta): ironia da barbárie na porta de entrada dos campos de concentração nazistas. Na foto, o de Dashau. Crédito da foto: Divulgação

Nildo Benedetti - [email protected]

Na próxima sexta-feira, dia 28, o Cine Reflexão exibirá na Fundec o filme “Labirinto de mentiras”, de 2014, dirigido pelo italiano Giulio Ricciarelli. O filme transcorre na Alemanha em 1958 e mostra os artifícios empregados por instituições governamentais para impedir que viessem a público e fossem julgados os crimes cometidos pelos nazistas alemães antes e durante a Segunda Guerra Mundial (1939 -- 1945). Redigi este artigo preparatório para situar o espectador do filme no contexto histórico em que ele se desenrola.

O nazismo governou a Alemanha entre 1933 e 1945, com Hitler como chanceler e ditador. A 1º de setembro de 1939, a Alemanha invade a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial na Europa. O conflito deixou mais de 60 milhões de mortos (algumas fontes apontam até 85 milhões), a maior parte civis. Só a União Soviética perdeu cerca de dez milhões de soldados e 18 milhões de civis. Estados Unidos, Inglaterra e França perderam juntos 1,4 milhão.

O jornalista e escritor norte-americano William L. Shirer, em sua obra “Ascensão e queda do terceiro reich”, e o historiador britânico Mark Mazower no livro “O império de Hitler” referem-se às empresas que colaboraram diretamente com o nazismo ou se beneficiaram com a guerra iniciada por Hitler. Dentre estas estão, para citar apenas as alemãs, Kodak, Hugo Boss, Ig Farben (Bayer, Agfa e Basf), Siemens, Krupp, Thiesen, BMW. Afirmam que várias empresas alemãs utilizavam trabalho escravo em suas fábricas e estima-se que 6,6 milhões de soviéticos trabalharam como escravos, dos quais menos de um milhão sobreviveu. A maior parte pereceu pela fome ou por exaustão.

A Krupp chegou a construir no campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, uma grande fábrica de espoletas, onde judeus trabalhavam até se exaurirem e morriam depois em câmaras de gás.

Além da Krupp, outras empresas se beneficiaram do trabalho escravo dos prisioneiros civis e militares do Leste europeu (o número de escravos provenientes da Europa Central, como França e Itália, foi muitíssimo menor). Alguns campos, depois do extermínio de judeus, ficaram ligados a empresas: Dachau à BMW, Sachsenhausen à Daimler-Benz. A SS construiu e operava um campo nos arredores da principal fábrica Volkswagen, que produzia equipamentos de guerra.

Após a derrota da Alemanha na guerra, os líderes nazistas e os empresários alemães colaboracionistas foram julgados em Nuremberg. Os comandantes nazistas foram executados, mas os empresários sofreram penas leves. O barão Gustav Krupp, presidente do conselho da Krupp, foi acusado como grande criminoso de guerra, mas não foi julgado porque sofreu um derrame cerebral e ficou abobalhado. Alfred Krupp, filho de Gustav, foi julgado perante um tribunal militar americano e sentenciado, em 1948, a doze anos de prisão, com o confisco de todos os bens. Foi libertado em 1951 por causa da anistia geral decretada por John McCloy, o Alto Comissário dos Estados Unidos na Alemanha. O confisco da companhia foi anulado e a fortuna pessoal de Alfred, calculada em dez milhões de dólares, lhe foi devolvida.