Crédito da foto: Acervo da família

Vanderlei Testa

Acredito que as sementes germinam em solo fértil se forem tratadas com água e o sol que geram nutrientes da vida. Assim como o ser humano gerado pode ser transformado com o ingrediente do amor, afeto, fé, educação e humildade. Se este planeta Terra foi criado por Deus, nós como criaturas, dependemos da sua misericórdia em nos conduzir nos caminhos do bem. Lá em Guareí, cidade fundada em pequena área rural e desenvolvida através dos tempos por seus filhos guareienses, nasceu em 25 de abril de 1932 o bebê João Batista Castanho Sobrinho. Os pais e padrinhos batizaram o João Batista com água abençoada de Guareí em homenagem ao apóstolo do mesmo nome, João Batista, e ao tio João Batista Castanho. O menino João, filho de Joana Pires Castanho e Accácio Castanho de Almeida, ganhou na sua infância uma abreviação carinhosa do nome Batista, para “Tista”. E o Tista cresceu e frequentou a escola de Guareí sob a orientação do tio e professor Ezequiel Castanho de Almeida. Com os seus 10 anos de idade conhecia novos rumos de relacionamentos e de estudo viajando para outras cidades. Com os seus pais, viveu em Santo Antonio da Alegria, na região de Ribeirão Preto. Dando um salto para o outro lado do Estado, Joana e Accácio foram para a cidade de São João da Boa Vista e Mococa. Sorocaba aparecia na vida da família Castanho em sua juventude. No ano de 1948, com 16 anos de idade, João Batista estudava no curso colegial no período diurno e a noite no curso Normal para ser professor, até que foi convocado para o Tiro de Guerra e teve que cancelar sua matrícula.

A convivência familiar dos filhos da Joana e Accacio tinha na formação cristã um histórico religioso através do Monsenhor Luiz Castanho de Almeida e do padre José Carlos Castanho. Eles, conhecemos em Sorocaba como Monsenhor Castanho, o historiador “Aluísio de Almeida” e o José Carlos Castanho, hoje bispo emérito em Sorocaba e irmão do João Batista. Mas, mesmo com esses motivos em ser estimulado à vida religiosa, João Batista, o “Tista” decidiu seguir seu coração e sonhar alto no céu na sua profissão e voar em direção a São José dos Campos. Fez o difícil vestibular para o ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Aluno determinado a cumprir a sua missão, concluiu em 1957, com 25 anos de idade, o curso superior de Engenharia Aeronáutica. Milhares de alunos desejam essa graduação e poucos conseguem esse mérito profissional. João Batista trazia consigo a sabedoria humana e divina, por sua dedicação às orações e estudo. Foi diplomado Aspirante a Oficial da Reserva Técnica da Aeronáutica, em solenidade cujo paraninfo foi o Tenente-Brigadeiro Eduardo Gomes, Ministro da Aeronáutica.

Curso concluído e emprego garantido por sua exemplar formação universitária, João Batista decidiu no mesmo ano da sua formatura dar um passo adiante no seu namoro e noivado com a Maria José de Barros, uma jovem que conheceu em Guareí, sua terra natal. De 1957 até 2020 já são passados 63 anos de vida matrimonial e, posso garantir como amigo do casal, que eles são um verdadeiro testemunho de vida conjugal feliz. Tiveram seis filhos, nove netos e dois bisnetos. Conheci o João Batista em 1972 na Siderúrgica N.S. Aparecida ao ingressar na empresa como empregado na área de administração e comunicação. Passamos 15 anos juntos na siderúrgica e aprendi com ele o valor do respeito humano no relacionamento profissional. Sua conduta no trato com as pessoas, com seus níveis hierárquicos em comando na diretoria e com o proprietário Luiz Pinto Thomaz era de uma educação invejável em respeito e fidelidade. Em inúmeras atividades estivemos juntos, trabalhando na comunicação social da organização e promovendo a integração humana das famílias. Era chamado de doutor Castanho. Chegou a ser diretor e com sua visão empreendedora conquistou vários benefícios aos empregados, como a implantação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e a criação da Cooperativa de Consumo dos Funcionários, Grêmio Esportivo e Cultural Aparecida, onde estive presidente durante anos, participando de eventos culturais e esportivos. João Batista Castanho também foi conselheiro do Senai em Sorocaba, entre muitas outras atividades que destaco algumas: diretor fundador do Serviço de Obras Sociais (SOS), secretário do Rotary-Clube de Sorocaba-Leste, presidente fundador da Associação das Indústrias Eletro-Mecano-Metalúrgicas, diretor do Ciesp, membro da congregação da Faculdade de Engenharia, sócio honorário da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba. Faço questão finalmente de destacar um trabalho humanitário que convivi ao ver a dedicação durante 10 anos do João Batista Castanho Sobrinho: a Cáritas Arquidiocesana. Centenas de famílias carentes foram beneficiadas com esse serviço cristão da Cáritas em proporcionar alimentos e recursos à sobrevivência das pessoas. Em abril de 1991, aposentou-se depois de ter exercido em Campinas a direção de uma empresa estatal da prefeitura municipal e anteriormente em um Centro Tecnológico para Informática, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Atualmente o amigo João Batista Castanho Sobrinho, com 88 anos de idade, está escrevendo um livro “Guareí, Monsenhor Castanho e Dom Castanho”, em homenagem ao seu tio padre e historiador e ao seu irmão bispo. A obra faz parte da “Coleção Guareí, nossa vida e raízes” a ser lançada. Tenho lido os rascunhos desse livro e posso afirmar que será um documentário da mais alta importância na história de Sorocaba, de Guareí e do Brasil. Uma obra que dará às bibliotecas e aos leitores o conhecimento de fatos e detalhes até hoje nunca publicados. Com a autorização do autor, tenho me inspirado em alguns episódios para pesquisar e relatar detalhes em meus artigos do Jornal Cruzeiro do Sul. O texto de hoje é um deles que escrevo movido pelo meu pulsar do coração em valorizar o mérito de uma pessoa do bem, o Tista, incrível como a semente que germina paz e fé.

Vanderlei Testa é jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.facebook.co./artigosdovanderleitesta