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Ganhos perturbadores

26 de Setembro de 2018 às 09:11

Ontem pela manhã, fiscais de tributos invadiram as unidades administrativas de uma bem-sucedida empresa produtora de cervejas, nelas apreendendo documentos físicos e virtuais. Uma investigação que se estendeu durante meses evidenciara que boa parte dos ganhos acumulados pelos proprietários resultaram de fraude ao recolhimento de impostos. Em razão disso, eles podem ficar sem uma parte dos bens que acumularam, além de serem criminalmente processados.

Empreender uma atividade econômica exitosa e, com isso, alcançar lucros expressivos é muito agradável. No entanto, se esses ganhos resultaram de atos ilegais, quem os embolsou adormecerá, cada noite, tendo por travesseiro o receio de acordar com agentes da lei tocando a campainha da casa e nela ingressando para revirar os móveis, abrir o cofre e carregar os computadores ou até levarem consigo o empresário metamorfoseado em suspeito.

Construir uma situação materialmente confortável para si e para os seus é uma aspiração legítima que todos temos o direito de cultivar. Entretanto, sempre é necessário manter os olhos abertos e as funções críticas de consciência operando. Do contrário, corre-se o risco de ultrapassar a linha que separa o honesto do desonesto e descobrir que o desfrute do acesso aos bens e serviços com que se sonhou durante muito tempo é assombrado, a todo momento, pelos fantasmas da culpa e do receio de que os malfeitos secretos um dia venham a público e resultem na mudança de seu nome do livro dos campeões para o dos vilões.

A fortuna que alguém precisa manter às ocultas num apartamento e a mala de dinheiro que só se pode receber escondido perdem, por isso mesmo, boa parte do encanto que, em todos os tempos, os tesouros têm exercido sobre o coração humano. Escravizam quem os detém ao medo continuado de perde-los. Em vez de prêmio, convertem-se em áspero castigo.

“Na casa do justo há grandes tesouros, mas, nas rendas do perverso, há perturbação.”

Provérbios 15:6

Tradução brasileira