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Entrevista de Marcelo Domingues ao Cine Reflexão

12 de Julho de 2019 às 00:01

Entrevista de Marcelo Domingues ao Cine Reflexão Marcelo Domingues: referência artística e cultural em Sorocaba e região. Crédito da foto: Divulgação

Nildo Benedetti - [email protected]

Marcelo Domingues- é bem conhecido. Com intensa atividade na cultura e na política, foi Secretário da Cultura de Votorantim e atualmente é Secretário de Governo de Capela do Alto. É de sua criação o CineFest Votorantim, além da curadoria do Cine Café, que é um dos mais importantes veículos de divulgação de filmes de arte de Sorocaba e região. Ele falou sobre suas ideias e projetos:

Nildo Benedetti - No cenário atual, como você vê o futuro do cinema no Brasil no que se refere à produção, circulação e exibição de filmes nacionais pelo País?

Marcelo Domingues - O cinema brasileiro depende de incentivos do governo -- principalmente através de políticas públicas --, que desde meados da década de 1990 vem fazendo bem a sua parte. Porém, diante de um cenário social em que imperam a polarização política, intolerância, desemprego, crise econômica e ausência de diálogos, estamos infelizmente presenciando o final de um ciclo muito produtivo, que se iniciou com a chamada “Retomada” e que se estendeu até agora com uma produção histórica que recolocou o Brasil no circuito mundial da sétima arte.

NB - Em seu histórico profissional, quais os projetos culturais que considera mais relevantes e significativos? Por quê?

MD - Tive a felicidade de ter experiências em várias linguagens, como o teatro, a fotografia, a música e a gestão como secretário de cultura. Mas foi o cinema a grande paixão e o que mais contribuiu para minha compreensão da vida e do mundo. Nessa área posso destacar alguns feitos que considero relevantes como a produção de vários curtas-metragens que foram premiados em festivais, a participação na idealização do Cinefest Votorantim -- um festival de cinema de abrangência nacional que teve dez edições --, a curadoria em várias mostras de cinema, incluindo o Cine Café do Sesc, e algumas oficinas que ministrei da qual saíram alguns alunos que se tornaram profissionais do cinema.

NB - Você está realizando um novo filme? Do que trata?

MD - Estamos trabalhando em dois projetos, um longa e um curta, mas ambos ainda dependem de recursos para viabilizar a produção. O longa se chama “O baile dos fantasmas” trata do universo do antigo caipira paulista e traz alguns nomes globais no elenco. O curta se chama “A sombra da terra”, é um trabalho mais doméstico e experimental. Estamos correndo atrás da viabilização, mas sabemos que, como dito acima, vivemos um momento difícil para o audiovisual. De qualquer maneira, não desistimos e seguimos na busca de caminhos possíveis.

NB - Como vê a importância do cinema para a sociedade?

MD - Penso o cinema, como linguagem artística integrante da cultura de um povo, é capaz de fazer refletir sobre o seu passado, o presente e projetar o futuro. A cultura e as artes fazem parte da construção, tanto de uma sociedade como da formação humana de cada indivíduo. Povos que respeitam, valorizam e incentivam a cultura e as artes são povos mais desenvolvidos e soberanos. Numa última análise, tanto a cultura quanto a arte são poderosas ferramentas de aprimoramento do ser humano, e um mundo melhor só é possível com seres humanos melhores.