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Enade: o interesse é de quem?

20 de Novembro de 2019 às 00:01

Ana Carolina Camargo Francisco, com Andreia Madureira de Almeida e Sandra Regina M. Masalskiene Roveda

No próximo domingo, dia 24 de novembro, concluintes dos cursos de engenharias, entre outros, irão realizar o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Aplicado desde 2004, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC), o exame integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e tem como objetivo avaliar o desempenho dos concluintes com relação às formações geral e profissional alcançadas.

É fato que os resultados do exame têm forte influência quanto à gestão dos cursos avaliados, fundamentando suas ações em busca da melhoria contínua e reconhecendo seu trabalho. Já com relação ao comprometimento dos estudantes, há ainda um caminho a ser percorrido.

Apesar da obrigatoriedade, segundo o portal do Inep, 16% dos alunos inscritos sequer compareceram à prova em 2018. Além disso, aproximadamente 25% dos presentes entregaram a prova com menos da metade do tempo. São comuns, no ambiente acadêmico, relatos de estudantes que boicotam o exame. É imprescindível que o estudante perceba que carrega consigo o nome da instituição que lhe deu o título e menosprezar a avaliação é sabotar a si mesmo.

Por outro lado, esforços vêm sendo tomados por parte das Instituições de Ensino Superior para conscientizar os concluintes sobre a importância de realizar a prova com seriedade e comprometimento. Ações informativas sobre a estrutura da prova, bem como esclarecimentos relacionados à possibilidade de mais empregabilidade, têm despertado o engajamento de mais alunos, com reflexos positivos nos conceitos obtidos.

A Unesp, por exemplo, após diversas ações para conscientização e participação responsável de seus alunos, obteve em 2018 ótimo desempenho, com cerca de 86% dos cursos avaliados alcançando os conceitos mais altos do exame. Este ano a preparação continua. Na Unesp-Sorocaba o trabalho da Seção de Graduação, Coordenadores de Cursos e docentes, em conjunto com os centros acadêmicos, tem implementado as iniciativas da Pró-Reitoria de Graduação e inovado ao disponibilizar uma sala virtual com diferentes conteúdos para apoiar os concluintes que farão o Enade.

Outro exemplo é o Centro Universitário Facens, também em Sorocaba, que proporcionou diversas atividades instrutivas e motivadoras para seus formandos, objetivando a preparação para o exame. Foram oferecidas palestras motivacionais mensalmente, direcionadas aos diferentes cursos. Também foram disponibilizados vídeos sobre o modelo da prova, aplicativo para celular com jogos sobre o exame e simulados ao longo do semestre.

Indo ao encontro da ideia de responsabilizar o aluno pelo seu desempenho na prova, recentemente o Inep sinalizou possíveis alterações quanto à consequência das notas obtidas pelos alunos. Tem sido discutida a possibilidade de divulgar o nome dos alunos que acertem mais de 60% da prova, por faixas, e também punição aos que tiverem baixo desempenho.

Mas, afinal, de quem é o interesse? Estamos diante de jovens formandos que muitas vezes não entendem a importância do diploma que receberão. Apesar de todo esse empenho das instituições, o papel principal é do aluno, que precisa entender a importância da avaliação para a sociedade e para si mesmo, inclusive em relação à empregabilidade. A conscientização de uma cultura de participação responsável na comunidade estudantil torna-se indispensável.

Ana Carolina Camargo Francisco é Mestre em Matemática Aplicada, professora da Facens e da Fatec-Sorocaba e aluna de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Unesp-Sorocaba. Andreia Madureira de Almeida é aluna do curso de graduação em Engenharia Ambiental da Unesp-Sorocaba e Sandra Regina M. Masalskiene Roveda é professora da Unesp-Sorocaba e vice-coordenadora do curso de Engenharia Ambiental.