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Educação e Política

16 de Outubro de 2018 às 08:46

Para Aristóteles (filósofo grego), política é uma ciência prática que tem por objetivo a felicidade humana, tanto individual como coletiva; e o único meio dos homens gozarem de felicidade plena seria através do aperfeiçoamento do intelecto e da construção das virtudes. Ciências práticas são aquelas que buscam conhecimento como meio para a ação. E qual o setor da sociedade que mais busca o conhecimento como atividade específica? Se respondeu “educação”, acertou. Enfim, a Educação e a Política se relacionam à busca de ações para o bem estar dos seres humanos, tanto individuais como coletivas. É através da inserção da educação na sociedade que o homem aprende a preencher suas necessidades.

O artigo 205 de nossa Constituição Federal deixa claro o direito a todos os cidadãos (habitantes da cidade, membros de um Estado) à educação, o que é reafirmado no artigo 2º da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) onde diz que “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho...”.

Entre os meios de educação na sociedade podemos citar a “escolar” como a maior vertente. É através, principalmente, da educação escolar que o indivíduo vivencia a prática social indispensável para viver e evoluir na sociedade, que apreende os princípios éticos, morais e científicos para conquistar a qualidade em sua própria liberdade e na convivência e necessária transformação social. A escola se concretiza quando consegue trabalhar com um currículo significativo, quando é capaz de efetivar um processo do ensino e aprendizagem, de fato, de forma crítica, quando desafia os alunos a pensarem criticamente a realidade social e política, com base na história real e ética. Segundo Paulo Freire, o verdadeiro educador é o qual é capaz de “ensinar os conteúdos de sua disciplina com rigor e com rigor cobrar a produção dos educandos, mas não esconde a sua opção política na neutralidade impossível de seu que-fazer” (2000, p. 44).

É através da educação que aprendemos a ser políticos e cidadãos plenos. A origem das palavras política e cidadão é grega (politikos e polites, respectivamente) e ainda temos POLIS, que em grego significa “cidade”. O conceito de cidadania vem da Grécia Antiga, berço da democracia, onde somente alguns indivíduos eram cidadãos. O título era outorgado àqueles que fizessem jus demonstrado pela participação ativa nos negócios e nas decisões políticas da cidade. Hoje, todos nascemos detentores do título de cidadão e foi transferido para a escola o dever de tornar as pessoas cidadãs. E, nos dias atuais, ser cidadão é ter o seu poder político entre seres livres e iguais, é participar no destino da sociedade, fazer com que a constituição de seu país seja respeitada... É, também, respeitar os direitos humanos provindos dessa igualdade, tratando a todos sem conceitos preconcebidos, dando-lhes a liberdade de serem o que são.

Quando a Família, Escola e a Sociedade não conseguem atingir tal finalidade, formam-se “idiotas”. Termo originado do grego antigo (idhiótis), ‘um cidadão privado, individual, que não consegue agir em benefício da sociedade, mas em seu próprio bem estar”.

Entendemos então que, entre outras, uma importante função da educação é ser essencialmente política e, como determina a legislação de nosso Estado, ter por finalidade o pleno desenvolvimento do cidadão, inspirada na verdadeira liberdade dos ideais da solidariedade humana, evitando a proliferação de “idiotas”, indivíduos que não estejam preparados para atuaram na sociedade..., para votarem e, principalmente, para serem votados.

Catarina Hand é mestra em Educação Escolar e professora da Uniso -- [email protected]