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Educação democrática e emancipatória

11 de Junho de 2019 às 00:01

Catarina André Hand, com Tamires Rodrigues da Silva

Ao buscar compreender ou explicar a educação, seja a partir de percepções próprias ou ideológicas, bem como seu papel, objetivo e prático, chega-se a vertentes ainda falhas em relação ao conhecimento e propriedade do assunto, principalmente aos que não estão envolvidos diretamente nessas práticas. Embora pareça, aos leigos, um tema de simples manejo, basta uma visão mais detalhada do cenário e percursos para compreender que a educação contemporânea é um “calcanhar de Aquiles” para a sociedade, uma vez que grande parte dos problemas sociais advém de falhas ou emissões no contexto educacional, que atrelado a uma desestruturação familiar, não supera as demandas do indivíduo em formação.

A dificuldade em compreender e sugerir mudanças no cenário educacional já é, por si só, um reflexo da precariedade com que a educação vem sendo conduzida. A formação de indivíduos limitados quanto à argumentação crítica e reflexiva compõe um cenário produzido propositalmente como maneira de manipular e segregar classes sociais e manter ideologias dominantes. O percurso da educação, até então direcionado em métodos e práticas, contribui para a massificação da mão de obra barata e anulação da capacidade de reflexão frente a informações explanadas e consequentes ações e atitudes, tornando grandes populações incapazes de promover a crítica.

Não é difícil deduzir o cenário ideal para a educação e, certamente, a democracia e a educação emancipatória fariam parte desta prática. Embora desafiador, já que mobilizaria não somente alunos e educadores, mas gestores, sociedade, família e, sobretudo, o querer político dos acumuladores de capital, a educação autônoma e protagonista garantiria ao educando explorar suas próprias capacidades pautadas exatamente na autonomia e protagonismo do Ser. É ilusório acreditar que a mudança na educação ocorrerá de maneira repentina, visto sua complexidade e abrangência isso não seria possível, todavia, desacreditar na sua possibilidade de concretização é estagnar-se ao cenário e condições propostas hoje, que nos encaminham tão somente à manipulação e alienação, não somente social mas individual, do próprio reconhecimento de habilidades e potencialidades.

Ao imaginar esse cenário ideal é irrevogável não nos remeter às ideias e ensinamentos de Paulo Freire (patrono da educação brasileira) assim como a reestruturação educacional proposta pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), publicada em 2018, que, se realmente aplicada, ao que tudo indica, seria o caminho para alcançar novos percursos para a educação pautado no indivíduo como ser único e facilitador do conhecimento.

O papel do professor neste cenário é de extrema relevância, pois dependerá de suas práticas e atitudes a manutenção e concretização deste saber compartilhado, onde não há imposição ou submissão, mas a efetiva troca de experiências, informações e práticas, na construção de um indivíduo que se reconheça enquanto Ser social, que vá além da escola, que entenda que sua atuação é ampla e versátil.

Talvez seja difícil colocar toda teoria ou prática pedagógica em ação, mas certamente não é impossível, e professores, gestores, comunidade e alunos são responsáveis por viabilizar esse cenário em que todos sejam ouvidos, independente de ideologias, e assim libertos para criticar, agir e conduzir suas vidas pautados nas suas próprias convicções e reflexões, que, por intermédio de uma educação formadora e não coercitiva, garanta a eles potencialidades sociais e pessoais.

Catarina Hand é mestra em Educação Escolar e professora da Uniso ([email protected]). Tamires Rodrigues da Silva, aluna do quinto período de Psicologia.