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É coisa pouca, mas da boa

08 de Dezembro de 2019 às 00:01

Carlos Brickmann

Sim, continuamos no fundo do poço. Mas há sinais de que pelo menos já pararam de nos jogar terra em cima. Um economista de ótima reputação, Affonso Celso Pastore, acha que em 2020 já será possível crescer acima de 2%. Há quem preveja crescimento maior do que se esperava em 2019 -- nada de excepcional, mas menos ruim do que se aguardava. O Santander esperava 0,8% de aumento do PIB em 2019, agora espera 1,2%. O Itaú mantém-se na previsão de 1%, mas admite a possibilidade de algo como 1,2%. O Goldman Sachs previa 1%, agora prevê 1,2% (e espera, para o ano que vem, de 2,2% a 2,3%). O Citi esperava 0,7% em 2019, agora fala em 1,1%. Para 2020, os 1,8% originais passam para 2,2%. Espera-se ainda, de acordo com pesquisa Valor PRO, uma boa subida no índice Bovespa, que há pouco ultrapassou os 100 mil pontos. Das quinze organizações ouvidas, a menor previsão é de 125 mil pontos (Veedha Investimentos) e a maior de 150 mil (Mauá Capital).

Não é nada, não é nada, concretamente não é quase nada, mesmo. Mas é surpreendente neste período, que vem desde o governo Dilma, em que todos os índices diminuíam, exceto o da inflação. E por que há essa melhora, ainda insuficiente? Solange Srour, economista-chefe da ARX, diz que, graças ao FGTS liberado em setembro, à melhora do crédito e à inflação em baixa, o consumo das famílias se ampliou, e como o efeito maior deste consumo será sentido no quarto trimestre, ainda dá para crescer. Mas há muito a fazer.

Apenas um retrato

A revista Veja pediu à FSB uma pesquisa sobre as eleições presidenciais, que se realizarão em 2022, daqui a três anos. Neste momento, os resultados não querem dizer nada: valem apenas como registro. Ainda não se sabe quem será candidato, nem quais alianças serão formadas, nem como se comportará o principal fator eleitoral: a economia. Mas, apenas como curiosidade, se as eleições se realizassem hoje, Bolsonaro venceria Lula no segundo turno por 45% a 40%. Sergio Moro derrotaria Lula por 48% a 39%.

Vergonha nacional 1

Suas Excelências acham que é pouco o dinheirão que recebem do Tesouro para financiar suas campanhas eleitorais. Estão praticamente dobrando a já gigantesca verba inicialmente prevista, de R$ 2 bilhões, para R$ 3,8 bilhões. E, para consolidar esse espantoso volume de dinheiro, tiraram verbas da Saúde (R$ 500 milhões), da Educação (R$ 280 milhões) e de habitação popular, como Minha Casa Minha Vida, e saneamento (R$ 380 milhões). Talvez no ano que vem reponham essas verbas, mas isso não é garantido. Garantido é só aquilo que serve aos interesses dos nobres parlamentares.

Vergonha nacional 2

Lembra daquela licitação que proporcionava aos ministros do Supremo um excelente menu para banquetes institucionais? Sim, aquela das lagostas, dos vinhos várias vezes premiados? Pois bem, o Tribunal de Contas da União liberou a compra dos produtos previstos na licitação, com uma só restrição: o cardápio chiquérrimo só deve ser utilizado em eventos de que participem pelo menos duas altas autoridades. Curioso. Digamos que o presidente do Supremo Tribunal de uma nação amiga venha sozinho ao Brasil e o Supremo o convide. Sendo ele apenas uma alta autoridade, que cardápio lhe servirão?

Jogo dos erros

Claro, tinha de ser ele. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, louvou no twitter “o primeiro ano que o rei, Roberto Carlos, se livrou do mico dos marinho”. E, como homenagem a Roberto Carlos (supõe-se que se baseie nas notícias equivocadas de que não haveria o tradicional especial de fim do ano de Roberto na Globo), posta seu irmão Arthur Weintraub tocando ao piano um sucesso do rei. Mas haverá show, sim: na sexta, 20 de dezembro.

A diferença entre os especiais de Roberto a que todos se acostumaram e este é que em vez de gravar tudo de uma vez, o show usa trechos de dois espetáculos de Roberto em excursões internacionais, tudo costurado por uma exibição no Teatro de Arame, de Curitiba, gravada nestes últimos dias. No fundo, o show de sempre: aquelas músicas que todos conhecem e fazem questão de ouvir de novo, mais uma composição nova, mais algo cantado em espanhol. O que há de novo é uma volta ao passado: Erasmo estará com ele, mas dizem, extraoficialmente, que terá não apenas uma participação pequena: ficaria como coapresentador, como nos tempos da Jovem Guarda.

Carlos Brickmann é jornalista. E-mail: [email protected]