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Dos Sonhos e Pesadelos interrompidos

29 de Dezembro de 2018 às 00:01

Dos Sonhos e Pesadelos interrompidos Ilustração: Vanessa Tenor

Quando o Eterno nos trouxe de volta para Jerusalém, parecia que estávamos sonhando (Salmo 126:1)

Eu tenho um sonho! Eu tenho um sonho que meus quatro filhos viverão um dia numa Nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Discurso proferido, em 1968, pelo Revdo. Martin Luther King Jr. na escadaria do Lincoln Memorial (Washington DC). Seu discurso foi ouvido de costa a costa. Ganhou o mundo, traduzido em muitas línguas. A força daquelas palavras sobreviveu ao tiro que viria matar o grande líder negro. Sua luta pacífica levou Luther King ao Nobel da Paz. O sonho desse grande pastor foi realizado. Leis garantem direitos civis, apesar de ainda existirem segregacionistas.

Segregação agora, segregação amanhã, segregação para sempre! Palavras do Governador do Alabama George Wallace (1963). O discurso teria sido escrito por Asa Carter, chefe da Ku Klus Kan. Tanto Asa Carter como o governador acabaram pedindo perdão pela militância segregacionista. Na 3ª campanha para a Casa Branca (1972), Wallace foi baleado por Arthur Bremer. Além do pesadelo da paraplegia, desfeito o sonho de eleger-se presidente do USA.

Às vezes é preciso sonhar!... Comparar nossos sonhos com a realidade para encontrarmos formas de realizá-los. (...) Sonhos! Acreditemos neles! Discurso de Lenin no Politburo. A vida do político seria interrompida por derrame cerebral. O sonho socialista muito cedo virou pesadelo sob o sanguinário Stalin e seus sucessores.

Torne a mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a e eventualmente todos acreditarão nela. (à) As grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa mentirinha. Está no Mein Kampf, o sonho do Übermensh e de um IIIº Reich que duraria mil anos. Não durou trinta. Virou pesadelo para a Alemanha, para o mundo e para judeus, ciganos, homossexuais e outras minorias. O Führer viu Il Duce, parceiro italiano, pendurado de cabeça para baixo num posto de gasolina, na companhia da amante. Para evitar que seu cadáver tivesse o mesmo destino, Hitler e Eva Braun, recém-casados, tomaram cianureto. O insano ditador garantiu o suicídio com um tiro da pistola Walter PPK 765 na têmpora.

Em Liverpool (Inglaterra), menino de cinco anos talvez não tenha entendido o porquê da alegria daquele 8 de maio de 1945, data que marcou o fim da 2ª Grande Guerra. Poucos anos depois, quando lhe foi perguntado o que queria ser quando crescesse, deu resposta contundente -- Quero ser feliz!

Adulto, criaria os versos e a música de seus sonhos pacifistas. Imagine there’s no countries / It isn’t hard to do / Nothing to kill or die for / And no religion too / Imgine all the people living life in peace.

Você pode estranhar suas roupas, penteados, guitarras estridentes e até culpá-lo pelo uso de drogas. Mas reconhece John Lennon pacifista. Imagine que não exista nenhum país (à) também nenhuma religião”. (à) Nada porque matar ou morrer (à) Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz. “Nenhuma religião” deve ser entendida como não existir doutrinas separando homens e gerando conflitos. O verso pode ser interpretado como versão do sonho ecumênico de um só rebanho e um só pastor (João 10:16).

Naquele 8/12/1980, o ex-Beattle parecia feliz. Atingira seu sonho de criança. Na porta do Edifício Dakota -- frente ao Central Park, onde seriam espalhadas suas cinzas -- bala de revólver 38 pôs fim à sua vida. Mark Chapman, o tresloucado fã atirou a queima-roupa.

Os velhos sonharão e os moços terão visões asseveraram o Profeta Joel (2:28) e o apóstolo Pedro. Este no discurso do Pentecostes (Atos 2: 1 a 36). Sonhos -- como imaginação de um objetivo tenazmente perseguido ou como esperança de algo importante -- devem fazer parte da nossa vida. Visionários sonhadores, como Estevão, eram mortos a pedradas, ou crucificados, como Pedro.

Sonhe e ore por um Brasil melhor. Que BBB signifique Bênçãos, Benignidade e Bom Senso na governança. Balas, apenas as doces.

Feliz 2019!

Edgard Steffen é médico pediatra e escreve aos sábados neste espaço -- [email protected]