Guiga Peixoto

Importante matéria publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul nos obriga a uma reflexão. Pergunte-se o que você pode fazer pelo País.

Não posso deixar de manifestar minha indignação diante da notícia de que mais de 2 bilhões de reais dos cofres públicos deverão ser torrados até o final deste ano, em plena crise que já prenuncia ser a mais grave já atravessada por nossa economia em toda a nossa história. Trata-se de dinheiro do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o chamado “Fundão”, cujo projeto recebeu meu sonoro voto contrário à sua aprovação no Congresso Nacional. Essa verdadeira festa com o dinheiro público é um insulto à nação brasileira, com o qual não podemos compactuar sob nenhum argumento. Enquanto pequenos empresários restaurantes, lanchonetes, pizzarias, lojistas, enfim, baixam as portas, obrigados a demitir pessoas que dependem exclusivamente desse emprego, famílias inteiras passam à linha da pobreza mais absoluta, precisando sobreviver da caridade daqueles que ainda conseguem se manter, já estamos vendo o recrudescimento da violência. E ninguém sabe aonde vamos parar.

Nós brasileiros, nas duas últimas décadas, fomos cobertos pelo manto de uma cultura de dependência do governo. Reclamamos de tudo, esperando que o governo nos traga as soluções para todos os problemas, que não são poucos, e que afetam a vida de todos. Arcamos com uma das maiores cargas tributárias do mundo sem a correspondente contrapartida em serviços de bem-estar social. Saúde, educação e segurança, os três pilares fundamentais da sociedade, demandam recursos que, via “Fundão”, serão agora destinados a financiar campanhas eleitorais, alimentando uma prática que não condiz com nosso status socioeconômico, ainda tão carente do mais básico e elementar. O PT, por exemplo, é o campeão da lista de beneficiados, com perto de 210 milhões de reais.

Preocupa-nos o exaurimento dos cofres públicos num contexto em que a demanda por recursos é maior do que a capacidade de geração, ao passo que vivemos como num conto de fadas, onde se imagina que num estalar de dedos tudo se resolverá. Precisamos, sim, manifestar a nossa indignação de uma forma coletiva, não mais perguntando o que o País pode fazer por nós, mas, parafraseando Kennedy, no que podemos fazer por nosso País. É chegada a hora de manifestar o que podemos fazer pelo nosso País, não concordando com o uso de recursos públicos financiando campanhas eleitorais, incompatíveis com a nossa realidade. É dar um basta eleitoral para os políticos que compactuam com essa sangria descabida do dinheiro público. As eleições estão aí.

Guiga Peixoto, deputado federal pelo PSL, coautor da PL 663/2020, que muda o destino do Fundo Eleitoral para o combate e prevenção da Covid-19.