Dezenas de milhões em ação
Crédito da foto: Peter Steffen / DPA / AFP
Carlos Brickmann
O presidente da República disse em público que o presidente do PSL, seu partido, “está queimado”. Bolsonaro gosta de uma briga: já afastou de seu Governo, nos primeiros dias do mandato, o presidente anterior do PSL, até então seu homem de confiança. Para o PSL, divergências com Bolsonaro são mortais: foi graças a ele que o partido nanico se colocou entre os grandes.
O PSL perde com a briga. Mas que é que Bolsonaro ganha? Ao partido que o acolher, ele levará grande bancada, além de torná-lo forte para as eleições municipais. Mas bancada o PSL já tem e forte já é, sem que Bolsonaro tenha de se esforçar para estruturar outra grande legenda -- além de ter demonstrado, até hoje, o máximo possível de obediência e tremenda capacidade de engolir sapos, endossando automaticamente toda e qualquer vontade do presidente, até a de transformar o filho 03 em embaixador.
Parece que a chave está na lei de financiamento público de campanha. Além dos nossos bilhões destinados por ela às campanhas, há a festança parlamentar, que multiplica verbas sem se preocupar com a saúde dos cofres oficiais. Partidos com maior bancada ganham mais; e o dinheiro é utilizado livremente pelos donos dos partidos. Veja só que coisa mais patriótica: Bolsonaro hostiliza os donos de seu partido que têm o controle das verbas. O partido é ele, e quem são esses outros para controlar a dinheirama? Que a verba fique com gente de confiança, por ele escolhida. Mais lógico, não é?
As famílias
Briga brava no PSL paulista: para se contrapor aos três zeros à esquerda -- os filhos 01, 02 e 03 de Bolsonaro -- a deputada federal Joice Hasselmann, a mais votada da Câmara, e o senador Major Olímpio se aliaram. Joice sai para a Prefeitura paulistana com o apoio de Major Olímpio, e ele se candidata a governador com o apoio de Joice. Se Bolsonaro deixar o partido a coisa vai mudar, mas, se ficar no PSL, quem controlar o diretório de São Paulo terá como agir sem constrangimentos mesquinhos. Partilhará, digamos, o poder.
Separados mas juntos
Bolsonaro diz que o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, está queimado. Mas neste fim de semana os dois estarão juntos em São Paulo, para “o maior evento conservador do mundo” -- o Conservative Political Action Conference. Talvez não haja no evento políticos conservadores do padrão de Winston Churchill, Margaret Thatcher, Ronald Reagan ou Konrad Adenauer -- mas, enfim, serão o que temos. Além de Bolsonaro e Bivar, deverão estar em São Paulo o filho Eduardo, aspirante a embaixador em Washington, os ministros Onix Lorenzoni, Damares Alves e Abraham Weintraub, e Felipe Martins, assessor especial do presidente. Weintraub, Felipe e Eduardo, o 03, são discípulos de Olavo de Carvalho, que em princípio não deve comparecer.
Petista sortudo
Nas cidades do Interior, diriam que o cavalheiro nasceu com o rabo virado pra Lua. Vá ser sortudo assim sabe-se onde! Pois um daqueles petistas que ganharam a Mega-Sena acumulada há menos de um mês, em 18 de setembro, ganhou de novo -- desta vez a quadra, com R$ 579,00. Pouquinho -- mas ele já anunciou que vai ganhar mais vezes. “Jogo há mais de 20 anos”, disse. “Não ganhei por sorte, mas por insistência”. E pretende insistir mais. Quem acredita na persistência deve procurar associar-se a ele. Lembrando, porém, que o grupo que ganhou com ele era também do PT. A estrela lhes deu sorte.
Poluição externa
Análises do petróleo que contaminou praias brasileiras indicam forte possibilidade de que a Petrobras nada tenha a ver com o vazamento: é óleo ultrapesado (tanto que não flutua sobre o mar, mas abaixo da superfície), de tipo parecido com o da Venezuela. Bolsonaro diz que tem um país estrangeiro em seu radar, mas não quer fazer acusações antes de ter provas.
Carlos Brickmann é jornalista. E-mail: [email protected]