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Deus te abençoe... Me abençoe!

15 de Dezembro de 2019 às 00:01

Dom Julio Endi Akamine

É comum que entre os cristãos dizer: “Deus te abençoe”. É normal que as pessoas peçam para os pais, padrinhos e padres: “Me dê a benção! Por favor, me abençoe”! Qual é o significado disso? Como devemos abençoar? Como devemos receber a bênção?

A bênção é o contrário da maldição. É preciso evitar proferir pragas aos outros, pois isso constitui o pecado de abusar do nome de Deus a fim de exprimir que algo de mau aconteça a alguém. “As pragas (as maldições), que contêm o nome de Deus, são uma falta de respeito para com o Senhor” (CatIg 2148).

Duas formas fundamentais podem tomar o movimento da bênção: algumas vezes a bênção sobe, levada no Espírito Santo por Cristo ao Pai (nós o bendizemos); outras vezes a bênção implora a graça do Espírito Santo, que, por Cristo, desce de junto do Pai (CatIg 2627).

O sujeito supremo de toda a bênção é Deus. “A bênção é o bem que vem de Deus, ela é uma atitude divina que transmite a vida. Deus, que é Pai e Criador de tudo, ao abençoar, diz: ‘É bom que estejas aqui! É bonito que existas’!” (YouCat, 104). Esse é o movimento descendente da bênção: Deus abençoa e prodigaliza os seus bens às suas criaturas.

Sujeito da bênção é também a Igreja. Esse é o movimento ascendente da bênção: a Igreja bendiz Deus porque é abençoada por Ele.

O duplo movimento da bênção se finaliza no encontro de Deus e da pessoa, pois o dom de Deus e a acolhida do ser humano se reclamam e se encontram. A oração de bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: uma vez que Deus abençoa, o coração do homem pode bendizer aquele que é a fonte de toda a bênção (CatIg 2626).

Como representantes de Deus, os pais, os padrinhos e os padres abençoam. Fazem-no imbuídos da consciência de que Deus é a fonte de todo o bem e com o único desejo de bendizer, louvar e glorificar a Deus. Eles abençoam sem querer usurpar o poder de Deus, sem tentar se apossar indevidamente do primado de Deus em ser fonte de toda bênção.

Os filhos, os afilhados e os fiéis leigos devem receber a bênção em atitude de adoração a Deus, reconhecendo-se criaturas diante do Criador, exaltando assim a grandeza do Criador e a onipotência amorosa do Salvador que nos liberta do mal.

Cheio de humildade e de respeito, tanto quem dá quanto quem recebe a bênção guarda silêncio respeitoso diante de Deus “sempre maior” que é fonte de toda a bênção.

Também os filhos, os afilhados e os fiéis leigos podem abençoar, mesmo que não seja o mais usual. Uma vez que o primado é do movimento descendente, é mais comum que sejam os pais, os padrinhos e os ministros ordenados a darem a bênção. Mas uma vez que o movimento descendente provoca o ascendente, nada impede que os filhos, os afilhados e os fiéis leigos digam: “Deus te abençoe”. Evidentemente as atitudes de adoração, de louvor, de humildade, de santo respeito pelo nome de Deus acompanham a bênção de quem quer que a imponha.

Dom Julio Endi Akamine é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba.