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Crônicas Sorocabanas: Tamanduá estudante

22 de Janeiro de 2021 às 00:46

João Alvarenga*

Deu no jornal: tamanduá-bandeira é capturado dentro de uma escola em Salto de Pirapora. Talvez, isso pareça banal, diante de tantos fatos impactantes. Além disso, o “papa-formigas” resolveu frequentar as aulas no final do expediente escolar.

E têm mais, as atenções da maioria, neste momento, estão voltadas para a chegada da tão esperada vacina. Ou seja, independente do laboratório que fornecerá o imunizante, o que o povo espera é o fim da burocracia contra a pandemia.

Todavia, a presença de um animal típico da nossa fauna, no ambiente escolar, é algo realmente inusitado, porque, num ano em que o ensino foi totalmente virtual, a suposta “invasão escolar” evidencia que a escola é um espaço acolhedor.

Tanto que é possível imaginar que, se as crianças estivessem na escola, naquele momento, com certeza, não estranhariam as atitudes do novo aluno, muito menos fariam bullying. É possível que até adotassem o novo amiguinho como mascote da turma. Detalhe: o invasor não provocou vandalismo, talvez estivesse apenas atrás da merenda escolar.

Brincadeiras à parte, uma questão muito importante deve ser chamar a atenção de todos: o referido invasor, infelizmente, consta de uma extensa lista dos animais que estão ameaçados de extinção, a chamada “Lista Vermelha”, criada por ambientalistas com objetivo de mobilizar a humanidade em torno dessa causa que é planetária. Matérias recentes dão conta de que o consumo exacerbado tem transformado nosso querido planetinha azul em um grande lixão a céu aberto. Há ilhas de garrafas pets nos oceanos e muitas florestas ardem em chamas.

No caso do personagem desta crônica, embora sua figura seja um tanto assustadora para alguns, pois se trata da maior das quatro espécies de tamanduás existentes, o “bandeira”, geralmente, não é agressivo, tanto que nem apresentou resistência, quando foi capturado pelos bombeiros, pois não usaram tranquilizantes.

O coitado foi expulso da escola sem direito a diploma, mas para o bem da nossa fauna, foi reconduzido à mata, onde tem sido professor na arte de sobreviver.

(*) João Alvarenga professor de Redação e cronista.