Buscar no Cruzeiro

Buscar

Conjunção entre Júpiter e Saturno

16 de Dezembro de 2020 às 00:01

Prof. Paulo Sergio Bretones

No início das próximas noites, poderemos observar a chamada Grande Conjunção entre os planetas Júpiter e Saturno.

Na noite de 21 de dezembro, os dois planetas estarão muito próximos no céu, a 0,1 grau, que corresponde a 1/5 do diâmetro da Lua.

É um fenômeno relativamente raro, pois acontece a cada 20 anos. Em 1623 ocorreu outra grande aproximação, mas muito próxima do pôr do Sol, a mais próxima vista com mais facilidade ocorreu na Idade Média, em 1226. A próxima ocorrerá em 2040, mas só estarão tão próximos em 2080.

Se acompanharmos durante as noites anteriores, a partir de hoje (16), veremos a Lua próxima dos planetas Júpiter e Saturno. Seguindo o seu movimento, no dia 21, na data do Quarto Crescente, estará no meio do caminho e no dia 23 muito próxima do planeta Marte, também facilmente visível no céu.

No dia 21, o Sol se põe às 18h53, pelo horário de São Paulo, e às 19h30 já podemos observar os planetas. Contudo, Júpiter e Saturno se põem às 20h50 e por isto é importante observarmos estes astros já no começo da noite.

Quem puder observar com uma pequena luneta ou telescópio, com certo número de aumentos, poderá notar que Júpiter pode ser visto com suas quatro maiores luas: Io, Europa, Ganímedes e Calisto, dependendo do dia e horário. Também é possível observar o planeta Saturno com seus belíssimos anéis e acompanhado de sua maior lua, Titã.

O fenômeno é uma ótima oportunidade para entendermos os movimentos, brilhos, distâncias, tamanhos e composições dos astros.

A conjunção não significa que Júpiter e Saturno estejam próximos entre si, mas é como vemos daqui da Terra, pois estão alinhados, como podemos notar se verificarmos as suas órbitas.

Júpiter é um dos objetos mais brilhantes do céu, mas está a cerca de 886 milhões de quilômetros e Saturno a 1,6 bilhão de quilômetros da Terra.

Chamado de Gigante dos Mundos, Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, cerca de 1.300 vezes maior que a Terra em volume, 79 luas conhecidas. É, praticamente, todo gasoso -- feito, principalmente, de hidrogênio, amônia e metano. Saturno, o segundo em tamanho, tem uma composição parecida e 82 luas.

O dia 21 de dezembro também é uma data especial, porque, às 7h02, é o início do verão no hemisfério sul, que corresponde ao início do inverno no hemisfério norte. No chamado solstício, que acontece no dia 21 ou 22 de dezembro, no hemisfério sul ocorre o dia mais longo e a noite mais curta do ano, enquanto no hemisfério norte ocorre o dia mais curto e a noite mais longa do ano.

Pode-se notar para quem está de frente para o Oeste, que nestes dias o Sol se põe o mais para a esquerda possível, por estar mais deslocado para o Sul.

Já no inicio da noite, pode ser observada a constelação do Órion, com as populares Três Marias sobre o horizonte leste, à direita a estrela Sírius, a mais brilhante do céu, e à esquerda o aglomerado aberto das Plêiades.

De modo geral, a observação dos astros no início das próximas noites, especialmente no dia 21 de dezembro, nos permite incentivar estudos sobre muitos assuntos da Astronomia junto a professores, estudantes e interessados em geral.

Atualmente muitos mapas celestes são disponíveis em softwares gratuitos como o Stellarium, o site heavens-above, ou os aplicativos SkyMap, Star Chart e outros.

Contudo, a observação dos fenômenos celestes nas próximas noites será um espetáculo inesquecível.

Mesmo com o avanço da tecnologia -- os recursos digitais são ferramentas --, a experiência real da observação do céu é algo insubstituível como parte de nossas vidas.

Esperamos que o céu não esteja nublado e, como sugestão, é melhor procurar locais altos para se observar o horizonte do poente, sem poluição luminosa e obter fotos lindíssimas que podem ser feitas na ocasião.

Além disso, nesta data acontece a noite de Yalda, um dos eventos tradicionais mais celebrados do Irã e na cultura Persa. Todos os anos, os iranianos comemoram a chegada do inverno, a renovação do Sol e a vitória da luz sobre as trevas.

Esta conexão com a natureza tem um grande reflexo na arte e na literatura persa, pois significa “nascimento” à espera do amanhecer brilhante no lindo céu da manhã e o triunfo do Sol sobre a escuridão, com mais tempo e luz no céu.

Em tempos de pandemia, a contemplação do céu com uma conjunção rara e belíssima nos traz um alento, uma evidência de que o tempo passa e que a ciência sempre nos ajuda a entender a natureza, enfrentar doenças e superar tempos difíceis.

Professor Paulo Sergio Bretones - Departamento de Metodologia de Ensino/UFSCar - campus São Carlos.