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Confiança

26 de Setembro de 2018 às 09:14

Assim, como qualquer data em nosso calendário, as eleições acontecem a cada biênio e já têm suas datas definidas. Sabemos que, no primeiro domingo de outubro de cada ano par, teremos eleições e depois de três semanas, em casos específicos, teremos um segundo turno e, sempre durante esses períodos, as turbulências econômicas e incertezas, em relação ao futuro, deixam todos mais apreensivos.

Países como o nosso, onde a política interfere, diretamente, na atividade econômica, com um regime democrático novo, o impacto eleitoral atinge tudo e todos. Nesta última semana, recebi informação de um grande banco que um contrato assinado previa uma cláusula resolutiva e condicionada ao resultado das eleições presidenciais.

Se faz necessário mudar o formato dos debates e da apresentação das candidaturas, ao menos para que, através desta nova forma, possamos conhecer melhor o que pensam os candidatos sobre temas relevantes do país.

Durante esse período pré-eleitoral tenho acompanhado todos os debates, entrevistas, programas eleitorais e tenho tido contatos pessoais com todos os candidatos viáveis. Mas os formatos dos debates eleitorais brasileiros, diferente dos norte-americanos (que também acompanho), não permitem, com seus segundos contados, que se desenvolva nenhuma ideia, conceito ou proposta.

Os debates, portanto, que seriam excelentes para conhecermos melhor o que pensam sobre assuntos relevantes, se tornam diálogos com pouco resultado prático e as propostas que deveriam ser apresentadas e conhecidas, muitas vezes, são substituídas por ataques pessoais e com objetivo de desestabilizar os candidatos.

Entrevistas nas emissoras de rádio e televisão também não são diferentes, as perguntas têm, em sua maioria, objetivos de atingir pontos fracos, o que, apesar de serem importantes, não deveriam integrar a totalidade das perguntas.

Neste momento em que estamos vivendo uma forte volatilidade econômica, uma declaração dos candidatos, que estão à frente nas pesquisas, com alguns compromissos poderia tranquilizar o mercado.

Pontos que não estão claros para todas as candidaturas, e que são fundamentais para nosso futuro, se esclarecidos poderiam trazer menos incertezas e menos instabilidade para a economia. Embora saibamos que qualquer que seja o próximo presidente algumas ações são fundamentais, pois se não forem feitas tornam insustentável qualquer governo.

A forte desvalorização cambial de 2002, trouxe, como reflexão, uma inflação altíssima para o período e ano sequente. A mesma desvalorização dos últimos meses pode trazer o mesmo impacto, só não está sendo com a mesma dimensão pela enorme recessão que estamos vivendo. Mas poderá ser evitada também com a comunicação concreta dos objetivos de vários candidatos, que por não declararem como, efetivamente, pensam trazem essa incerteza e falta de confiança.

Uma carta aos brasileiros poderia diminuir esse impacto e seus desdobramentos, que têm sacrificado, ainda mais, um país que vive anos seguidos de recessão econômica. Paramos de piorar e tivemos melhora nos indicadores econômicos que nos deixaram preparados para a retomada, mas só conseguiremos, realmente, ter a recuperação econômica se houver respeito às finanças públicas sem o aumento de mais impostos. A confiança precisa ser restabelecida e para isso um compromisso das candidaturas pode contribuir em muito, pois neste momento e com essa volatilidade apenas especuladores financeiros estão tendo altos ganhos.

Flavio Amary é presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) e reitor da Universidade Secovi -- [email protected]