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Como preservar a boa memória

18 de Setembro de 2019 às 00:01

Elie Cheniaux

Com o acúmulo de atividades e responsabilidades, além de tecnologias que “pensam por nós”, a boa memória se torna, cada vez mais, um artigo de luxo. De fato, a memória é uma das nossas funções cognitivas mais importantes e serve para arquivar experiências e informações adquiridas ao longo da vida.

A perda de memória patológica acomete, principalmente, a memória de curto prazo, aquela que usamos para nos lembrar de algo recente. Quando ela é afetada, o paciente tende a repetir as mesmas perguntas que foram respondidas há pouco tempo. Mas o que é preciso fazer para preservá-la?

A área da neuropsicologia, que estuda a memória, ainda é muito nebulosa. Mas estudos mostram que os bons hábitos de vida são verdadeiros aliados da boa memória. Dentre eles, a prática de atividade física aeróbica por, pelo menos, três vezes na semana. O exercício intensifica a capacidade cognitiva, de atenção e concentração.

Outro fator muito importante é o sono. Noites mal dormidas interferem muito na manutenção da memória, já que ela é consolidada neste período. O tabagismo e o uso frequente de álcool também são prejudiciais, pois provocam um envelhecimento cerebral precoce.

Em relação aos medicamentos, há controvérsias. Uma pesquisa recente indicou que o uso de donepezila, uma medicação utilizada para o Mal de Alzheimer, aumenta a capacidade da memória de portadores da Síndrome de Down. Isso fez com que universitários americanos passassem a usá-la.

No entanto, não há nenhuma comprovação científica que mostre a sua eficácia em pessoas que não possuem a Síndrome. Alguns fitoterápicos, como ginko biloba, parecem melhorar o fluxo sanguíneo cerebral, beneficiando, indiretamente, a memória.

A melhor forma de diagnosticar estas patologias é a realização de uma bateria de exames neurológicos e avaliações psiquiátricas. Vale citar também outras boas dicas que podem melhorar significativamente a memória e a atividade cognitiva como a leitura, o aprendizado de novas línguas, a prática de exercícios matemáticos e a constante sociabilização. Certamente, estes são hábitos importantes para a manutenção da memória e para retardar o surgimento de demências comuns a idade avançada, acima dos 65 anos.

Elie Cheniaux é psiquiatra, escritor, mestre e doutor em psiquiatria, psicanálise e saúde mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); pós-doutor pela COPPE/UFRJ e Pontíficia Universidade Católica (PUC-Rio)