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Cometa Neowise pode ser visto

23 de Julho de 2020 às 00:01

Paulo Sergio Bretones

O cometa Neowise (C/2020 F3) pode ser observado no Brasil desde ontem, 22 de julho. Hoje, dia 23 de julho, o cometa passa pelo ponto mais próximo do nosso planeta, a 103 milhões de quilômetros e a sua próxima passagem está calculada pelos astrônomos para daqui a cerca de 6.800 anos.

Descoberto pela NASA em 27 de março, o cometa passou pelo ponto mais próximo do Sol no dia 3 de julho a uma distância de 0,3 unidades astronômicas, ou cerca de um terço da distância da Terra ao Sol, que corresponde a 43 milhões de quilômetros.

A partir de então, aumentou seu brilho e pôde ser visto a olho nu desde o início de julho no hemisfério norte quando foram obtidas muitas fotos lindas do cometa e sua cauda. Também foi visto por satélites e pela Estação Espacial Internacional (ISS) em imagens que podem ser vistas pela internet e pelo Youtube.

As órbitas de cometas periódicos podem ser elipses achatadas. Ao passarem nas proximidades do Sol, podem estar próximos às órbitas de Mercúrio e Vênus e, mais afastados, podem ir além da órbita de Plutão. Outros cometas de órbitas abertas como parábolas e hipérboles, passam nas proximidades do Sol, mas provavelmente nunca voltarão.

Quando estão mais afastados do Sol, os cometas são blocos de rocha e gelo. Ao se aproximarem, o núcleo de gelo se aquece e, devido à sublimação, o gelo passa para o estado gasoso formando ao seu redor uma coma ou cabeleira. Ao chegar mais próximo ainda, por causa do vento solar, o aumento da coma pode formar uma cauda no sentido contrário ao Sol. Um dos exemplos mais famosos foi o cometa Halley, visto facilmente a olho nu em 1910 com uma cauda de 150 milhões de quilômetros.

No início das próximas noites, o cometa Neowise poderá ser observado logo após o pôr do Sol. Olhando mais à direita, a noroeste, o cometa estará à direita da estrela Régulos, alfa da constelação do Leão e abaixo da estrela Arcturus, alfa da constelação do Boieiro. De uma noite para outra, o cometa poderá ser observado cada vez mais alto com relação ao horizonte, mas seu brilho se tornará mais fraco por estar se afastando do Sol.

Para ajudar a localizar o cometa no céu vários mapas celestes são acessíveis em softwares gratuitos como o Stellarium, o site heavens-above ou aplicativos como SkyMap, Carta Celeste, SkySafari e outros.

Como é possível notar que o cometa se desloca por entre as estrelas de uma noite para outra, sua trajetória pode ser registrada como um exercício para professores, estudantes e interessados.

Por estar no limite da visibilidade a olho nu, o Neowise será visto como uma manchinha no céu, com binóculos ou instrumentos de pequeno porte, mesmo com a Lua visível nas próximas noites. Além disso, será mais facilmente observado em locais altos com horizonte livre e sem poluição luminosa.

Se possível, pode-se tentar fotografar o cometa com uma câmera digital, DSLR, fixada num tripé, em modo de foco infinito e sensibilidade de ISO, abertura e exposição altas.

Ainda perto do dia 7 de agosto, o cometa Neowise (C/2020 F3) será visto no céu próximo aos cometas Lemmon (C/2019 U6) e o Panstarrs (C/2017 T2), mas todos com o auxílio de instrumentos astronômicos.

Ao longo da história da humanidade, os cometas foram admirados e estão entre os astros mais belos que podemos observar. Mas também foram vistos com medo, associados a epidemias e catástrofes, e também ao nascimento de príncipes.

Seja como for, isto só foi esclarecido pela ciência através dos tempos. Em tempos de pandemia e na luta contra o coronavírus, a oportunidade de observarmos um belo cometa nos traz um alento. Isto nos faz refletir sobre o papel da ciência e a importância da educação para uma humanidade melhor, pois ainda temos um longo caminho a ser percorrido.

Prof. Paulo Sergio Bretones - Departamento de Metodologia de Ensino - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Sorocaba.