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Cinco motivos porque não usar máscara no dia a dia é um grave erro

18 de Setembro de 2020 às 00:01

Jorge Luiz Araújo Filho

Usar máscaras está sendo um hábito novo para os brasileiros. E como todo novo hábito, ele requer mudanças para sua incorporação, gerando algumas dificuldades e até fortes resistências. Há alguns meses alguns diriam que seria um exagero usar o acessório a fim de conter a transmissão do novo coronavírus. O que nem todos sabiam à época é que usar máscaras de proteção já era hábito recorrente em uma variedade de países asiáticos e europeus há muitos anos.

Na Ásia, em países nos quais o uso da máscara cirúrgica nas ruas já era um hábito bem mais disseminado do que no nosso país (pois passaram por uma terrível epidemia, a SARS) antes mesmo da Covid-19, os índices de transmissão da doença foram menores do que no Brasil e caíram rapidamente após atingirem o pico de contaminação, pois eles já sabiam como agir diante desse cenário, ou seja, praticando a distância social, a higienização das mãos e objetos e usando máscaras cirúrgicas/médicas.

Segundo Pablo Pinheiro, CEO da loja online Máscara Delivery Original, que possui empresa na China e em Hong Kong há mais de oito anos e que conhece bem a Ásia há pelo menos 15 anos, no começo ele achava estranho ver pessoas nas ruas usando máscaras médicas/cirúrgicas, pois pensava que aquela pessoa deveria ter alguma enfermidade grave. Com o passar do tempo, ele observou que isso era um hábito comum para eles, e foi se acostumando, percebendo que não necessariamente a pessoa tinha uma grave enfermidade. Bastava uma gripe simples, ou sofrer de baixa imunidade, que a primeira ação era a de usar as máscaras de proteção, tanto por prevenção quanto por respeito social, para que não se tornassem um vetor de transmissão de doenças, fossem graves ou não.

A fim de motivar as pessoas a seguirem firmes no uso de máscaras, de preferência as mais seguras, como as cirúrgicas (TNT) de tripla proteção e filtro, listo aqui alguns motivos pelos quais resistir ao uso da máscara ao sair de casa é um grave erro:

1) Ao usar uma máscara realmente segura, caso você entre em contato com o vírus, você irá se expor a uma dose mais baixa do novo coronavírus, por conta da filtragem da máscara. Pesquisas recentes em animais com coronavírus e uma infinidade de pesquisas com vírus feitas nos últimos cem anos apontam que doses virais mais baixas em geral se traduzem em doenças com menor gravidade.

2) As máscaras aumentam a taxa de casos assintomáticos. Em um surto no navio de cruzeiro australiano Greg Mortimer, no fim de março deste ano, os passageiros receberam máscaras cirúrgicas e a tripulação recebeu máscaras N95, após a identificação do primeiro caso de Covid-19. Ao que tudo indica, o uso da máscara foi bem alto. Dos 217 passageiros e funcionários, 128 testaram positivo, mas 81% das pessoas infectadas não apresentaram sintomas.

3) Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), crianças a partir de 12 anos ou mais devem usar máscaras, especialmente quando a distância de um metro de outras não pode ser garantida e há transmissão generalizada na área. A entidade não recomenda uso de máscaras por crianças menores de cinco anos. Já para as de seis a 11 anos, é necessário avaliar a capacidade da criança de seguir as regras para o uso adequado da máscara. Ao ensinar as crianças a se protegerem, mesmo elas não estando no grupo de maior risco de complicações decorrentes da doença, você as estará ensinando a ter responsabilidade social para com todos, inclusive os mais velhos e as pessoas com doenças crônicas, que estão no grupo de maior risco.

4) Pesquisas recentes de diversos países apontam sempre as máscaras cirúrgicas/médicas como as mais eficazes na proteção contra o coronavírus, até mesmo em ambiente hospitalar.

5) A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou em 5 de junho que todas as pessoas acima de 60 anos de idade ou aquelas com condições de saúde subjacentes usem uma máscara médico-hospitalar (aqui no Brasil conhecidas como cirúrgicas) sempre que o distanciamento físico não seja possível, como é o caso de quase toda população do Brasil, pois em quase todas as cidades existem comunidades carentes. Além disso, grande parte da população brasileira faz uso do transporte público, que em vários momentos atingem uma superlotação, sendo praticamente impossível manter o distanciamento social. E como grande parte da população ainda não adotou o uso de máscara médica/cirúrgica em seu dia a dia, eu pergunto: não seria por isso que estamos mantendo um longo platô de contaminação?

Jorge Luiz Araújo Filho é professor e doutor em Biossegurança.