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Cai a qualidade da água de Itupararanga

04 de Dezembro de 2018 às 09:39

O centenário reservatório de Itupararanga, criado para a produção de energia, é de extrema importância para a região de Sorocaba, uma vez que abastece aproximadamente um milhão de pessoas. Este importante recurso é protegido por Leis criadas para sua proteção, que visam a redução dos impactos negativos na qualidade da água, destacando-se a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Itupararanga, que completou 20 anos no sábado passado (1/12). Para comemorar, foram programadas diversas atividades promovidas pela Fundação Florestal nos municípios que abrigam a APA, Sorocaba inclusive (http://fflorestal.sp.gov.br/apa-itupararanga-comemora-20-anos/).

A Engenheira Ambiental pela Uniso e Mestra em Ciências Ambientais pela Unesp-Sorocaba, Vanessa Cezar Simonetti, realizou análises em diversos pontos do reservatório e nos rios Una, Sorocabuçu e Sorocamirim que juntos formam o reservatório. O estudo foi embasado nos índices propostos pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável pelo monitoramento da qualidade da água no estado e que divulga anualmente um relatório contendo a classificação da qualidade da água para fins de abastecimento público.

Segundo o último relatório divulgado pela Cetesb para o ano de 2017, a qualidade da água, que vinha se mantendo como boa desde 2013, apresentou uma classificação como regular na última avaliação. Um dos fatores apontados no relatório para a causa da redução da classificação foi o aumento de cianobactérias. Isto desperta preocupação, pois estas bactérias podem liberar toxinas e não são removidas facilmente pelo sistema convencional de tratamento de água.

Para a engenheira, os valores encontrados são sugestivos de eutrofização da água, processo no qual, devido ao aumento de nutrientes, há o crescimento excessivo de plantas aquáticas. Em estágios avançados, a eutrofização provoca a diminuição do oxigênio dissolvido na água, elemento essencial para a sobrevivência da vida aquática, podendo também causar problemas para a navegação, funcionamento das hidrelétricas e transtornos para o abastecimento público.

Embora alguns parâmetros de qualidade da água nos rios formadores e no ponto de diluição do reservatório estejam piores do que o preconizado pelas legislações ambientais, os resultados de qualidade da água para a manutenção da vida aquática ainda são considerados satisfatórios. No entanto, se não forem tomadas medidas para a melhoria, poderemos enfrentar riscos no abastecimento de água potável futuramente.

Dentre os impactos relatados através do mapeamento do uso solo realizado pelo estudo, verificou-se a presença de áreas agrícolas e solo exposto em áreas que deveriam ser de preservação permanente, ou seja, áreas protegidas legalmente e que apresentam grande fragilidade ambiental. Outro fator importante levantado pela pesquisadora é o uso inadequado nas áreas próximas ao reservatório e a preocupação com os municípios inseridos às margens dos rios formadores do reservatório que não possuem um sistema efetivo de coleta e tratamento de esgoto. Afinal o despejo de esgoto agrava a qualidade da água.

Segundo Darllan Collins da Cunha e Silva, doutor pela Unesp-Sorocaba e professor na Unesp-Registro, é imprescindível o investimento em saneamento básico nos municípios inseridos próximos aos rios Una, Sorocabuçu e Sorocamirim, para redução das fontes de poluição. Também, um maior controle da expansão agrícola se faz necessário, atentando-se especialmente ao uso de agroquímicos sem a orientação de um especialista às margens do reservatório e seus cursos de água formadores.

Renan Angrizani de Oliveira é Engenheiro Ambiental e Mestre em Processos Tecnológicos e Ambientais pela Uniso e aluno do doutorado em Ciência Ambientais pela Unesp-Sorocaba; Klaus Puit Cruvinel Lopes é aluno de engenharia ambiental pela Unesp-Sorocaba