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Bola de Cristal para 2021

29 de Dezembro de 2020 às 00:01

Bola de Cristal para 2021 Crédito da foto: Vanderlei Testa

Vanderlei Testa

A definição mais comum de uma bola de cristal refere-se a ela como instrumento utilizado para “ver ou sentir” acontecimentos futuros e até fatos ocultos do presente. Os tais de videntes estão nas redes sociais e nos finais de ano concedem entrevistas em programas de televisão e na imprensa. Há uma infinidade de pessoas que acreditam naquela esfera de vidro, como se houvesse ali dentro uma imagem “milagrosa” mostrando os fatos. Não acredito nessas previsões repetidas de cada ano e muito menos na bola de cristal das videntes.

Acredito que cada pessoa pode fazer o seu hoje, o futuro, com a sua idoneidade, trabalho, fé, comprometimento com o mundo. Somos um minúsculo grão de areia no universo. Assisto no “YouTube” o canal da Nasa que mostra ao vivo das câmeras dos satélites as imagens 24 horas por dia do planeta Terra. É fascinante o mundo em que vivemos, com a visão na imensidão de águas e terras. Impossível enxergar lá de cima um ser humano em algum ponto da Terra. Seria necessário um equipamento com lentes poderosas. Como é o coronavírus, invisível aos nossos olhos. Os seres humanos se tornam um microscópico grão de areia visto de milhares de quilômetros. A diferença é que dentro de cada pessoa, existe corpo e alma, divindade concedida pelo Criador.

Essa capacidade humana de poder usar a inteligência, sentimentos, inspiração, discernimento, no entanto, conduz as pessoas para uma sabedoria intuitiva sobre si e sobre os outros seres. Diferente do animal que não pensa ou decide pela irracionalidade, o homem e a mulher são dotados da “bola de cristal” que chamo de coração-discernimento. Parte do íntimo de cada pessoa a percepção das decisões, do roteiro do filme da sua vida. A jornada de 2020 a ser encerrada na próxima quinta-feira, à meia noite, daqui a três dias, teve um vácuo da pandemia e de isolamento humano nos últimos nove meses.

O vazio que a humanidade sentiu por conta desse vírus nos deixa um ano com um buraco sem precedentes na história dos últimos séculos. Nada irá preencher as vidas perdidas pela contaminação, os desajustes no emocional dos trabalhadores que perderam os seus empregos e dos empreendedores que faliram em seus negócios. Quantas pessoas que se suicidaram nesse período por terem perdido a estima e capacidade emocional. Essas realidades vivenciadas em 2020 nenhum vidente previu na sua bola de cristal, em dezembro de 2019. Só isso já bastaria para desacreditar nos “ditos cujos” futurologistas de plantão.

Mas, como dizia minha mãe, “não adianta chorar pelo leite derramado”. Precisamos aprender e muito com as dificuldades dessa pandemia. Uma lição de vida que jamais será esquecida pela humanidade. Ninguém saiu ileso dessa catástrofe que colocou bilhões de pessoas de máscara e, ainda na espera no Brasil da vacina salvadora, motivo de desavenças políticas. Como somos frágeis perante a enfermidade. Frágeis por algo que nem enxergamos ou sentimos.

Em 2021 uma nova listinha de desejos e sonhos nascerá em agendas, cadernos e notas dos celulares. Dia primeiro de janeiro até 31 de dezembro, recomeça a maratona de pontos positivos a serem alcançados. Faço a minha lista anualmente. Teve anos que bati a meta de cem por cento dos objetivos. Sempre divido em blocos: pessoal, profissional, espiritual, familiar, lazer, saúde, oração desafios. Pode ser ousadia, mas creio que podemos ajudar com a inspiração divina do coração-discernimento a nos guiar, para as conquistas almejadas no ano novo.

O equilíbrio emocional é muito importante. Usar o bom senso sempre nas decisões. Jamais dar “o passo maior que a perna”, pois o tombo é certo. Já cai em corridas nas montanhas porque queria correr mais do que podia. Aprendi na prática a não querer chegar à linha final da prova exigindo um esforço humano maior do que a minha capacidade física. Muitos corredores, inclusive ao tentarem isso, acabam por morrer na linha de chegada pelo esforço do coração. Tenho vários livros de corridas que relatam essa verdade.

Em 2021 vou dosar minhas metas em planos mais humanos do que materiais. Até posso afirmar que oitenta por cento será espiritual, de compartilhar vida e, os outros vinte por cento, buscar recursos para sobreviver. Há uma frase que diz: “Deus proverá”. Tá na Palavra Sagrada. Cada um de nós poderá fazer essa experiência neste ano novo, sem necessitar buscar as pessoas que divulgam em cartazes nos postes “faço a leitura de suas mãos e te ajudo a vencer na vida”. Ou no jogo das pedras e na borra do café, “adivinho o seu futuro”. E a maioria prometendo: “Trago o seu amor de volta ou, conquisto um namorado para você”.

O tempo de viver nunca foi determinado por máquinas, remédios, consultas isotéricas, dinheiro no banco, cargos e poder em empresas ou cargos públicos. O tempo de nossos dias, neste lindo e único planeta Terra, a maravilha do universo que ganhamos de presente do Criador, é só Dele. Quem comanda o relógio do nosso tempo, desde o dia que, concebidos e gerados no ventre de nossas mães e, até o dia de nossa morte é do critério de Deus. Pode ser religioso, cientista, agnóstico, ateu, descrente em parte, ou sei lá o quê, mas a realidade está aí, em milhões de anos de constatação. Desde o dia da criação do universo jamais houve quem não morreu, a não ser o próprio filho de Deus, Jesus Cristo que ressuscitou.

A lição de casa que levo para as minhas reflexões em 2021 é a de aproveitar muito mais a convivência familiar, respeitar minhas limitações físicas, amar o próximo como a mim mesmo, conquistar amizades, conhecer pessoas, ajudar a quem precisa de apoio, orar, agradecer, retribuir com gentilezas.

Feliz 2021, amigos leitores!

Vanderlei Testa é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta.